O Nice levantou a suspensão ao futebolista internacional argelino Youcef Atal, condenado por incitamento ao ódio religioso no contexto do conflito entre Israel e o Hamas, anunciou hoje o treinador do clube gaulês.

"A sua suspensão acabou. Então o jogador está à disposição", afirmou aos jornalistas Francesco Farioli, acrescentando que Atal tem contrato até junho e vai regressar ao Nice após ter terminado a participação ao serviço da seleção argelina na Taça das Nações Africanas (CAN), da qual a Argélia foi eliminada.

Ao contrário do seu compatriota Hicham Boudaoui, que regressa a Nice na quinta-feira, Youcef Atal só é esperado na "segunda-feira" na 'Côte d'Azur' e, portanto, não participa no jogo da Ligue 1 contra o Metz, no domingo, com o técnico Farioli a revelar que "foi decidido dar-lhe mais alguns dias de descanso".

Youcef Atal foi condenado no início do ano (03 de janeiro) a oito meses de prisão com pena suspensa, por incitamento ao ódio religioso, por ter partilhado nas suas redes sociais um vídeo em que um pregador palestiniano apelava ao ataque a Israel, e foi ainda condenado ao pagamento de uma multa de 45.000 euros.

Durante o julgamento, que decorreu em Nice, o Ministério Público francês pediu uma pena de 10 meses de prisão com pena suspensa, 45.000 euros de multa, e a publicação da sentença na página de Instagram do jogador, que tem mais de 3,2 milhões de seguidores.

O jogador, de 27 anos, publicou em outubro na sua conta Instagram um vídeo de um pregador palestiniano a rezar por "um dia negro para os judeus" e a pedir para acompanhar "a mão" dos habitantes da Faixa de Gaza que "atiram pedras" contra Israel.

Depois de várias reações negativas, Youcef Atal apagou a publicação e pediu desculpa, mas as autoridades judiciais francesas abriram em 16 de outubro uma investigação por "apologia ao terrorismo" e "provocação ao ódio ou à violência por causa de uma religião específica".

A guerra foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro, que resultou na morte de mais de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 25.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes.

O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.