16 de março de 1994. O Benfica trazia um empate (1-1) para a segunda mão dos quartos de final da já extinta Taça das Taças, onde defrontava o poderoso Bayer Leverkusen. A equipa então treinada por Toni estava sob a pressão de vencer ou conseguir um empate com dois ou mais golos.
Na noite de Leverkusen, o jogo revelar-se-ia tão dramático como inesquecível para os adeptos do Benfica, com um surpreendente empate final de 4-4. Entre os protagonistas do jogo ficou o jovem Abel Xavier, com apenas 21 anos. O lateral direito abriu caminho à recuperação encarnada com um fantástico pontapé de fora da área… e o jogo não mais foi o mesmo.
«As recordações que tenho são de um jogo memorável, tanto coletivo como individual. Foi dos jogos mais marcantes da minha carreira, por tudo o que representou e pela felicidade de ter os emigrantes a apoiar a equipa. Falamos de um Benfica diferente, de outros tempos», refere o ex-jogador ao SAPO Desporto, aludindo ao impacto e transformações da Lei Bosman. E sublinha o ‘carinho’ sentido pelo Bay Arena, o recinto do Leverkusen: «Deu-me momentos de alegria. Marquei pelo Benfica e anos mais tarde marquei pelo Liverpool. É um estádio especial para mim e para as equipas que representei.»
Passaram quase 19 anos desde esse dia e o futebol mudou muito, no entender de Abel Xavier. «A beleza dos jogos do passado é que por muito que se estudasse os adversários havia sempre uma certa capacidade de imprevisto. Não havia tanta cultura tática. E jogar em Leverkusen foi como jogar no Estádio da Luz… A beleza de ter o estádio todo de vermelho e sentir uma grande onda de apoio dos emigrantes. Isso deu-nos uma força suplementar extra, porque os jogadores jogam pela causa, pelos objetivos e pelos emigrantes», confessa.
O empate com sabor a vitória valeu o passaporte para as meias-finais, onde o Benfica iria cair aos pés do Parma. Esfumava-se assim o sonho de voltar a festejar na Europa. Para o antigo internacional português foi uma enorme oportunidade perdida. «O Benfica daquela altura estava formatado para ganhar uma competição europeia. Era uma equipa forte, dominante e com uma mística enraizada em jogadores míticos. Enquanto jovem, via-os como grandes referências. Apesar dos problemas, tínhamos um balneário muito forte e uma equipa para vencer a Taça das Taças».
O Benfica visita esta quinta-feira o Bayer Leverkusen, às 18h00, num a contar para a primeira mão dos 1/16 avos de final da Liga Europa.
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