E um, e outro e outro. E outro. Quando acordaram do 'pesadelo', eram oito. E podiam ter sido 12 ou mais. O barcelonismo viveu, na noite de sexta-feira, um dos seus piores momentos de sempre, ao ver a equipa principal de futebol ser humilhada na Europa pelo Bayern Munique. As dezenas de catalães que marcaram presença na Penya Barcelonista de Lisboa ganharam uma história que preferirão não contar aos netos. 'Onde estavas no dia dos 2-8 do Bayern Munique, avó?'
VÍDEO: Foi assim o sofrimento dos adeptos do Barça em Lisboa
Antes do encontro, a expetativa nem era assim tão alta. Os adeptos culés estão conscientes que a época ficou aquém do esperado, que o futebol praticado está longe dos pergaminhos do clube mas havia a esperança de uma noite de sonho frente a melhor equipa da prova esta época. Uma atuação que teria de passar primeiro pelos pés de Messi.
Muitos turistas catalãs, a gozar alguns dias de férias na capital portuguesa, não podia ter eleito melhor sítio para ver um dos jogos da época. Pena a pandemia de COVID-19 ter levado a redução da capacidade do espaço no Snooker Clube, que já chegou a ter 200 pessoas para ver os grandes jogos do Barcelona.
Mesas postas, máscaras no rosto, mãos desinfectadas, cerveja sempre gelada, petiscos, e ... rola a bola. Expetativa em alta, corações a mil, ansiedade sempre a subir.
1-0 de Mueller, a primeira contrariedade. Empate e primeira e única verdadeira explosão de alegria da noite, na Penya Barcelonista de Lisboa. O resto do tempo foi sofrer, sofrer, sofrer...
Os falhanços de Messi e Lenglet e a bola no poste do argentino a seguir ao empate ainda animou os adeptos culés, por breves instantes. Mas depois vieram os alemães por aí abaixo. Eles vinham e não eram poucos. Eram muitos. Bastantes. E vinham com tudo.
Se Galvão Bueno narrasse o encontro, diria: "Lá vem eles de novo. Bola tocada, golo! Virou passeio", tal como viu no Mundial2014, quando a Alemanha deu 7-1 ao Brasil. Sem dó nem piedade.
As muitas saídas de bola do Barcelona desesperava os adeptos. As constantes perdas de posse perto da área catalã deixa os culés com as mãos na cabeça. Como é possível jogar assim nos quartos de final de uma Liga dos Campeões? Questionavam.
A cerveja bem gelada, servida em caneca térmica (para estar sempre fresca), ajudava a aguentar a 'dor'. As batatas com queijo e bacon, as coxinhas de frango, o choco frito, o pica-pau de novilho e as doses de moelas iam aconchegando o estômago para aguentar cada 'soco' dos alemães. E foram muitos. Oito. Quatro na primeira parte, quatro na segunda. Divididos em doses cruéis de pancadas fortes no orgulho barcelonista, numa noite para recordar sempre. Porque foi nessa noite que o Bayern Munique colocou a nu as fragilidades de um Barcelona à deriva, sem rei nem roque, numa época penosa, sem qualquer título.
No final, entre a pressa de pagar a conta para ir sofrer noutras paragens, pedia-se 'cabeças a rolar'. A começar na direção liderada por Josep Maria Bartomeu, com alguns adeptos a exigirem mesmo eleições antecipadas. O sufrágio está marcado apenas para 2021 mas há quem peça já uma ida as urnas o mais cedo possível para que os catalães possam escolher um novo rumo para o clube.
Para a história ficam os números: Barcelona 2-8 Bayern Munique. Marcaram Alaba (p.b.) e Suárez para o Barcelona, Muelher (2), Philippe Coutinho (2), Perisic, Gnabry, Kimmich e Lewandowski fizeram os tentos dos bávaros.
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