44 minutos e 71 minutos: Dois momentos. Um de coração e outro em que faltou frieza. Em cima do intervalo, Coentrão evitou o golo num carrinho aos pés do Messi. Este simples exemplo de esforço e devoção leonina demonstram bem o jogo de plena intensidade e pressão que o Sporting fez esta noite em Alvalade frente à orquestra de solistas do Barcelona. O FC Porto que se cuide.
Aos 71 minutos, os verde-e-brancos tiveram tudo para fazer o golo. Faltou frieza a Bas Dost na 'hora H'. O holandês tentou assistir Bruno Fernandes em vez de tentar "Ser feliz". Como disse depois Jorge Jesus em conferência de imprensa.
Pedia-se um jogo de paciência ao Sporting de Jorge Jesus. Realista, o técnico cerrou fileiras, dotando o miolo com dois homens de luta: Battaglia e William Carvalho, deixando Doumbia na frente para as divididas.
O Barcelona tinha os virtuosos na frente, com Iniesta e Suárez no apoio ao mago Messi que, como é habitual, era o vagabundo do ataque. Nélson Semedo foi o titular no lado direito da defesa.
Sabendo de antemão da força da posse de catalães, Jorge Jesus entregou a iniciativa conjunto da Cidade de Condal. Sempre que tinha o esférico, o Sporting optava pelo critério. Com William aqui em evidencia e a mostrar que é um jogador diferente: Por isso é que alguns valem milhares e outros muitos milhões.
O Barcelona foi o primeiro a criar perigo num livre de Messi à passagem dos 10 minutos. O Sporting não se encolheu e Piccini esteve perto do golo. Bomba de fora da área do italiano, com a bola a sair ligeiramente por cima do travessão.
Do emblema culé espera-se sempre genialidade das botas dos seus protagonistas. Aos 28 minutos, Rui Patrício evitou o golo a dois tempos, primeiro num remate de Suárez e depois na recarga de Messi de cabeça.
A abnegação leonina traduzia-se na garra dos seus jogadores. Ainda antes do intervalo, Mathieu tirou o golo a Suárez, num corte de cabeça. Depois foi Coentrão, que de carrinho tirou o pão da boca a Messi, quando o mago se preparava para fazer o golo.
Antes do final da primeira parte, Jesus deparou-se com uma contrariedade com o Doumbia a ter que sair para dar lugar a Bas Dost. O costamarfinense pode falhar agora o clássico com o FC Porto.
Na segunda parte, sem poder contar com mobilidade e a força do dianteiro na frente, o Sporting sofreu o golo logo a abrir a etapa complementar.
O golo chegou de mansinho, dos pés de um amigo. Que é como quem diz. De um jogador da casa: Coates. Depois de um livre da equipa catalã, a bola desviou em Suárez e acaba por bater no central e trair Rui Patrício. Gesto inglório para um jogador que esteve quase sempre imperial nas divididas com os homens de blaugrana.
Com o golo pedia-se concentração aos leões e a palavra de ordem era paciência. O Sporting tinha que manter a organização se não arriscava-se a perder-se no jogo.
O Sporting quis ser senhor do seu destino e não se deixou amedrontar. Esticou as linhas e foi à procura do golo. Em Alvalade, puxava-se pela equipa e assobiava-se o árbitro. Ovidiu Hategan foi demasiado penalizador para a equipa do Sporting. Foram seis os jogadores amarelados: Coentrão, Acuña, Coates, Gelson Martins, Doumbia e Piccini.
Aplaudiu-se um senhor do futebol. Andrés Iniesta foi substituído aos 88 minutos.
A toada mudou. O Barça estremecia com o ambiente e encostava lá atrás. Aos 71 minutos, o Sporting teve tudo para fazer o que os 48575 espectadores nas bancadas mais queriam. Bas Dost cara a cara com Ter Stegen foi demasiado altruísta. Tentou dar o golo a Bruno Fernandes e assim se falhou uma grande ocasião.
Até ao fim, o Sporting batalhou, arriscou-se a sofrer, mas foi para a frente como equipa grande. Até à última gota de suor tentou chegar ao empate, descurando-se. Rui Patrício teve que evitar o golo depois de remate de Paulinho. A equipa de Valverde foi obrigada a algo de que não gosta: Fechar a baliza lá atrás e ceder à pressão adversária.
O esforço acabou por ser insuficiente, mas mereceu o aplauso dos quase 50 mil nas bancadas.
Quanto à performance do mago Messi? Esteve apagado no jogo e não colocou no bolso a defensiva do Sporting. Criou perigo através de bolas paradas, mas não foi o habitual desequilibrador na equipa da Cidade de Condal. Mérito para um leão de lição bem estudada e em especial de Battaglia e de Mathieu.
O Sporting manteve os três pontos no Grupo D. Já o Barcelona, soma seis pontos em dois jogos.
* artigo atualizado às 22h43.
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