O Sporting saiu de Marselha vergado a uma pesada derrota por 4-1 e perderam os primeiros pontos na edição 2022/23 da Liga dos Campeões. Os leões até entraram no jogo a ganhar graças a um grande golo de Trincão, todavia, uma série de erros individuais acabaram por deitar tudo a perder e permitiram ao Marselha conquistar os primeiros pontos na 'Champions'.
Aléxis Sánchez, Harit e Balerdi aproveitaram da melhor maneira o desnorte dos leões para levar os gauleses para o intervalo com uma vantagem de 3-1. Na segunda parte foi Mbemba que fez o gosto ao pé e selou o resultado final.
Com esta vitória, o Marselha reentra na luta pela qualificação no Grupo D; já o Sporting ainda continua na liderança isolada do grupo.
O golo de Trincão contra dois tiros nos pés...e um na mão
O jogo começou mesmo ainda antes do apito inicial de Davide Massa; trânsito intenso e a descoordenação com a polícia francesa, levou o Sporting a chegar ao Vélodrome a meia-hora do início da partida. De tal modo que a UEFA viu-se obrigada a adiar o começo do jogo em quinze minutos.
Alguns bate-bocas entre responsáveis de ambos os clubes no túnel de acesso mas a situação lá foi resolvida. Com o arrancar da partida, dava a ideia de que, quem se tinha atrasado era mesmo o Marselha; combinação entre Edwards e Trincão com este último a vir da direita para o meio e a rematar em arco para o primeiro do jogo...ainda nem um minuto estava decorrido.
Dificilmente os adeptos leoninos poderiam pedir melhor início, o Sporting marcou cedo e os minutos seguintes indicavam que os comandados de Rúben Amorim vinham com a lição bem estudada e prontos para fazer estragos; de tal forma que, à passagem dos quatro minutos, Pedro Gonçalves teve o segundo nos pés, mas permitiu a defesa de Pau López.
Um golo madrugador e domínio da partida parecia ser um excelente começo do filme que os leões queriam realizar em Marselha. Todavia o cenário haveria de mudar drasticamente, tudo devido a uma curta-metragem de cerca de 10 minutos do mais puro terror futebolístico...que chegou a roçar o sobrenatural.
A 'curta' teve como protagonista principal António Adán; com dois tiros nos pés e um na mão, o guarda-redes espanhol permitiu a reviravolta do Marselha, e deixou os leões de mãos na cabeça. Aos 13 minutos, e com todo o tempo para começar a construir o jogo dos leões, Adán ficou a pensar no azul das águas do Mediterrâneo e deu tempo a Aléxis Sánchez de se aproximar e desviar o passe do guardião para o fundo das redes leoninas.
"Foi só um erro, acontece", podem ter pensado alguns, quase como aqueles que, ao verem um filme de terror, acham que o assassino não vai matar a próxima vítima da mesma maneira.
Eis que senão quando, apenas três minutos volvidos, Adán volta a à ação com mais um tiro no pé. O livre batido pelo espanhol ficou nos pés de Guendouzi em zona adiantada do terreno; o médio cruzou para a área onde apareceu Hariti de cabeça para dar a volta ao marcador.
Um Sporting que começara a partida a ganhar, era traído por dois erros graves do seu guarda-redes e via-se agora em desvantagem com 16 minutos de jogo.
Contudo, e já diz a sabedoria popular que "não há duas sem três" e eis que Adán decide criar a sua terceira e última cena; 23 minutos e Nuno Tavares ganhou em velocidade a Ricardo Esgaio que certamente se assustou ao ver Adán sair lançado da baliza para tentar intercetar o lance; mais assustado terá ficado quando, para espanto e horror de todos, o guarda-redes leonino esticou o braço e jogou a bola com a mão fora da área. Resultado: Sporting em desvantagem no marcador, e desvantagem numérica.
Apenas Adán saberá os pensamentos que lhe terão passado pela cabeça durante estes poucos minutos que, certamente devem ter parecido uma eternidade para o guarda-redes...
A expulsão de Adán obrigou Amorim a tirar Edwards e a colocar o estreante Franco Israel na baliza leonina. Ainda um pouco a frio, o guardião uruguaio acabou por se precipitar ao sair a um canto à passagem dos 28 minutos, permitindo a Balerdi cabecear para o fundo das redes do Sporting...pesadelo consumado e a partida como que terminou no que à discussão do resultado dizia respeito. Três cenas, três tiros, leão ao chão, o FIM.
Compreensivelmente, e depois de três golpes letais no espaço de dez minutos, os leões quebraram por completo a todos os níveis, não tendo capacidade de resposta perante um Marselha que cheirava o sangue do leão ferido e continuava ao ataque. Até ao intervalo o Sporting lá conseguiu aguentar a situação apesar do evidente desnorte perante aqueles dez minutos dantescos.
Jovens lançados para minimizar os danos
Rúben Amorim, que na véspera disse que o empate seria um mau resultado, via o jogo praticamente fora de alcance. Perante a horrível conjuntura com que se deparava, o técnico leonino resolveu minimizar os danos físicos e anímicos dos seus jogadores. Pedro Gonçalves, Nuno Santos, St.Juste e Ugarte ficaram nos balneários e foram substituídos por Marsá, Nazinho, Sotiris, e Paulinho.
Com a equipa agora mais organizada e mentalmente mais estável, o Sporting até entrou bem no segundo tempo, mostrando intenção de procurar a baliza do Marselha; todavia os leões não passaram das intenções, nunca conseguindo criar verdadeiras ocasiões de golo que indicassem qualquer tipo de recuperação.
Para evitar qualquer tipo de surpresas, Igor Tudor mexeu na equipa e refrescou o meio-campo; o Marselha voltou a aumentar a pressão e o Sporting já não foi capaz de voltar a desenhar lances de ataque.
Até final da partida foi o Marselha a controlar a partida a seu belo prazer, procurando aumentar a vantagem no marcador. Os gauleses acabaram mesmo por chegar ao quarto golo já bem perto do fim; 84 minutos e após remate de Aléxis Sánchez defendido por Franco Israel, a recarga sobrou para Mbemba que fez o resultado final.
O momento da partida
O Sporting vencia e comandava a partida quando António Adán resolveu ser protagonista e, junto à sua baliza, fez um passe que acabou intercetado por Aléxis Sánchez que, oportunamente, fez o golo do empate. Foi o princípio do fim para o leão.
O melhor
Amine Harit foi sempre o principal desequilibrador do Marselha. Ao longo de todo o jogo, o marroquino procurou sempre romper por entre as linhas defensivas do Sporting; o extremo surgiu que nem uma flecha aos 16 minutos e fez o segundo golo do Marselha. Um perigo constante.
O pior
Este será certamente um jogo que ficará na memória de António Adán pelos piores motivos. O guardião espanhol esteve no epicentro do terramoto que abalou o Sporting durante a primeira parte.
O que disseram os treinadores
Rúben Amorim acredita que a equipa vai aprender com os erros
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