O presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, António Fonseca, considerou hoje que houve “algum amadorismo” na forma como a PSP elaborou o plano de segurança para a final da Liga dos Campeões.

António Fonseca, que é também presidente da Associação dos Bares e Discotecas da Zona Histórica da cidade, comentava em declarações à Lusa a necessidade de intervenção policial para travar “escaramuças” entre adeptos de futebol ingleses, durante a noite de quinta-feira, no centro do Porto.

“Não faz sentido. Quem planeou isto, não planeou, acho que isto foi de um amadorismo total. Até parece que Portugal não organizou o Euro 2004, que decorreu sem problemas e foi uma grande lição para o mundo”, disse António Fonseca.

Na sua opinião, há “aqui um choque”, na medida em que se vive numa “situação pandémica e também numa situação de retoma da economia”, contudo, “há uma coisa que não pode acontecer, que é a saúde ser colocada em causa” e voltar-se “ao confinamento”.

“Queremos dar uma mensagem que é seguro estar cá, somos o terceiro país da Europa mais seguro, o Porto é uma cidade segura. Não compreendo como é que as forças policiais que ontem [quinta-feira] estavam espalhadas pela cidade não controlaram estes grupos”, referiu.

António Fonseca apela a que “da próxima vez, e à semelhança do que já aconteceu no passado, o comando da PSP convoque as juntas de freguesia e as associações que, estando próximo das comunidades, podem contribuir para uma melhor organização”.

O responsável questionou como será, no sábado, se o jogo final da Liga dos Campeões entre os ingleses de Manchester City e Chelsea for a prolongamento.

“O que farão os donos dos restaurantes, bares e esplanadas que têm de encerrar entre as 22:00 e as 22:30 e o jogo se prolongar até às 23:00? Expulsam os adeptos que assistem ao jogo pela televisão?”, questionou, defendendo que o horário dos estabelecimentos deveria ter sido alargado neste fim de semana.

Além disso, acrescentou, “está provado que é mais fácil controlar” este tipo de público no interior dos estabelecimentos do que na via pública.

Defendeu, por isso, que “era preferível dizer ao mercado, nomeadamente à animação, que abrisse e acolhesse estas pessoas dentro dos estabelecimentos. Só entraria quem fizesse o teste à entrada e desse negativo”.

“Tudo isto deveria ter sido ponderado, planeado, e é isso que não dá para perceber. Como é que o comando [da PSP] não se apercebeu disto? Estamos a falar de duas equipas inglesas muito competitivas e com adeptos problemáticos”, acrescentou.

Segundo António Fonseca, “a economia precisa, os empresários, comerciantes, bares, lojas e restaurantes precisam, mas precisam de público que se porte bem, que consuma e que não crie desacatos, sob pena de nos pôr no mapa da Europa como um país que não sabe receber uma competição europeia”, quando Portugal já deu provas no Euro 2004.

“Acho que o Comando [da PSP] não geriu bem esta situação e demonstrou algum amadorismo. Espero que aprendam a lição e consigam acautelar o problema, já que hoje e sábado chegam milhares de adeptos”, acrescentou.

Contactada na madrugada de hoje pela agência Lusa, fonte do Comando Metropolitano do Porto da PSP disse que houve necessidade de intervir em “duas pequenas escaramuças”.

Pelas 00:56 de quinta-feira, a PSP referiu que houve registo de um ferido ligeiro, que “foi agredido com uma cadeira”, mas recebeu assistência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) no local e foi transportado para o Hospital de Santo António para ser suturado.

A primeira escaramuça ocorreu perto da Estação de São Bento, pelas 22:00 de quinta-feira, num café, “um pequeno desentendimento que foi logo sanado”, explicou à Lusa fonte da polícia. O segundo incidente ocorreu na Ribeira do Porto, pelas 22:30.

Em ambos os casos, não houve necessidade de fazer identificações e detenções.

A final da edição 2020/21 da Liga dos Campeões, entre os ingleses de Manchester City e Chelsea, realiza-se no sábado, a partir das 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, com um terço da lotação.