Assim, numa análise rápida, o afastamento do Benfica da Liga dos Campeões irá custar, no mínimo, 34,086 milhões de euros. São muitos milhões que não entram nos cofres da SAD, sem contar com os valores do market pool, relacionados com a distribuição dos direitos televisivos, que vão direitinhos para o rival FC Porto.

A eliminação do Benfica da Liga dos Campeões (derrota 1-2 com o PAOK, vice-campeão da Grécia) tem consequências financeiras mas as desportivas são as que mais pesam no imediato.O maior investimento de sempre no plantel (81,5 ME até agora) tinha como objetivo levar o Benfica a mostrar argumentos na liga milionária onde tem vindo a falhar nos últimos anos, mas esse desejo terá de ser adiado para 2021/2022. A equipa, construída para brilhar na Europa e com o regresso de Jesus, é relegada para um palco secundário: a Liga Europa, uma prova onde o Benfica esteve em duas finais nos últimos anos, todos pelas mãos de Jorge Jesus.

Estes Zivkovics só dão prejuízo

Antes do jogo, havia a curiosidade de saber se Abel Ferreira ia lançar Andeja Zivkovic no onze do PAOK. O sérvio chegou este mês ao clube de Salónica, depois de ter rescindido, por mútuo acordo, com o Benfica. Se ficasse na Luz, iria ganhar cinco milhões de euros de salário esta época, algo que o Benfica não estava disposto a pagar, tendo em conta o seu rendimento. O talentoso extremo sérvio de 24 anos nunca conseguiu mostrar todo o seu potencial na Luz.

Mas antes de entrar em campo e 'vingar-se', outro Zivkovic deixava Jesus com os 'cabelos em pé'. O guarda-redes sérvio do PAOK foi um dos melhores em campo e foi graças a sua grande exibição que os gregos conseguiram vergar o vice-campeão de Portugal

O jogo teve duas partes distintas. Neste seu regresso à Luz, Jesus montou um onze com três reforços de peso - Vertonghen, Pedrinho, e Everton -, num 4-3-3 ou 4-2-3-1 para fazer frente ao 3-4-3 de Abel Ferreira, técnico que nunca tinha ganho ao Benfica (há sempre uma primeira vez para tudo).  Os gregos apresentaram-se com um bloco baixo, linhas muito juntas, solidariedade entre colegas e o Benfica sem espaço. Restavam apenas os remates de longa distância que o Zivkovic mais novo, o da baliza, ia defendendo.

Das poucas vezes que o PAOK saiu para a ataque, tentou sempre subir pelo corredor esquerdo, direito da defesa do Benfica, explorando as debilidades de André Almeida mas também o atrevimento de Giannoulis, o homem da ala esquerda com grande propensão ofensiva, muito bom na condução de bola. Acelerou por aí aos 63 para provocar o autogolo de Vertonghen e voltou a repetir a dose aos 75 minutos, correndo desde o seu meio-campo, antes de servir Zivkovic para o 2-0.

Se um Zivkovic já era muito, dois eram demais para o Benfica. Anda por cima este, lançado aos 66, marcaria no primeiro remate, à sua antiga equipa. Depois de ter custado 16 milhões de euros aos cofres do Benfica, entre salários, prémios de assinatura e prémios de jogo (3.845 euros por cada minuto jogado no Benfica), Andrija Zivkovic voltava a dar prejuízo aos cofres 'encarnados'.

Jesus ainda tentou resgatar a equipa, com as entradas de Darwin Nuñez, Carlos Vinícius e Rafa (reduziu aos 94 minutos) mas nesse período o Benfica jogava mais com o coração do que com a cabeça.

Foram os milhões da Champions, ficam os milhões investidos num plantel fortíssimo, candidato a vencer tudo em Portugal e a sonhar, quem sabe, com a Liga Europa. O investimento exige resposta já esta sexta-feira, frente ao Famalicão, no jogo inaugural da I Liga.

Momento do jogo: Pizzi ficou a pedir centímetros

Um livre em zona frontal aos 30 minutos dava a Pizzi a possibilidade colocar o Benfica em vantagem, em caso de sucesso. O médio tirou as medidas, rematou colocado mas a bola esbarrou no poste. O melhor período do Benfica no jogo já pedia golo há imenso tempo.

L.C. 2020/21: PAOK-Benfica
L.C. 2020/21: PAOK-Benfica Jogadores do POAK festejam golo créditos: EPA/Achilleas Chiras

Os melhores: Sérvios com sistema anti-águia

Só o guarda-redes Zivko Zivkovic, de 31 anos, ia mantendo o PAOK na discussão do resultado. Defendeu quase tudo o que havia para defender, excepto o desvio de cabeça de Rafa. Esteve impecável na baliza, sempre seguro, embora errasse muito quando solicitado a jogar com os pés. O outro Zivkovic, Andrija, ex-Benfica, entrou para 'matar' o jogo e ajudar a manter a posse de bola, numa altura em que o Benfica atacava com tudo.

Giannoulis foi outro destaque, ao estar nos dois golos da sua equipa. É um lateral que assenta que nem uma luva no 3-4-3, onde pode explorar melhor a sua capacidade ofensiva. Muito bom no transporte de bola, bom tecnicamente e com boa visão de jogo.

Os Piores: Seferovic igual a si próprio

Foi a grande supresa de Jesus no onze, depois de ter terminado a época passada em baixo. O avançado suíço continua muito perdulário e a oferecer pouco ao jogo. Falhou o 1-0 em duas ocasiões, numa delas de forma escandalosa. Saiu para dar lugar a Vinícius.

Curiosidades

Das duas vezes que o Benfica foi afastado das provas da UEFA por clubes gregos, a façanha pertenceu aos emblemas de Salónia: Aris em 1979 (Taça UEFA) e agora o PAOK.

Este foi o 18.º jogo consecutivo do Benfica a sofrer golos nas provas da UEFA fora de casa, o pior registo de sempre. A equipa não vence na UEFA há sete partidas, algo que não acontecia há onze anos, de acordo com os dados do 'Playmakerstats'.

Esta será a segunda vez que o Benfica não vai estar na fase de grupos da Liga dos Campeões com Jorge Jesus. Aconteceu em 2009/10, no primeiro ano da primeira passagem do técnico pelo emblema da Luz e volta a acontecer em 2020/21, neste seu regresso ao Benfica.

Reações: Abel fala em trabalho, Jesus em resultado enganador

André Almeida: “É um objetivo que fica pelo caminho, mas agora é olhar em frente”

Abel Ferreira: “Este resultado é fruto do trabalho que temos vindo a fazer desde há um ano”

Jesus: “Somos melhores que o PAOK mas não o demonstrámos com o resultado”