A última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões ficou marcado pelo alegado caso de racismo ocorrido no Paris SG-Basaksehir, na terça-feira. Pierre Webó, técnico-adjunto da formação turca, acusou Sebastian Coltescu, o quatro árbitro do jogo, de racismo. Gerou-se uma enorme confusão, com o senegalês Demba Ba, avançado do Basaksehir, a questionar o quatro árbitro do porquê de ter usado a palavra 'nigger' [preto]. Os jogadores das duas equipas abandonaram o campo e o jogo só seria retomado no dia seguinte, com uma nova equipa de arbitragem.
Depois do incidente, Pierre Webó abordou, de forma mais pormenorizada, o que aconteceu. Em entrevista ao 'Daily Mail', o antigo internacional camaronês assumiu que árbitro podia ter feito as coisas de forma diferente e impedir toda aquela confusão.
"Olhando à minha posição, era muito mais fácil dizer 'eh, é o terceiro, fora!'. Era fácil. Mas também foi fácil para ele dizer aquilo que disse. Para quê utilizar aquela palavra? Foi difícil ouvi-la por parte de um árbitro. Foi um choque. Vinda de alguém que deve estar no controlo de todas as situação, um quarto árbitro de um jogo de Liga dos Campeões. É um jogo de alto nível e aí precisamos de ter pessoas de alto nível. Temos de ter em atenção aquilo que dizemos no campo", lembrou o agora treinador-adjunto do emblema turco.
Pierre Webó assumiu que perdeu o controle e ficou agressivo ao ouvir o que dissera Sebastian Coltescu e só depois se apercebeu que o jogo tinha sido interrompido e que não iria recomeçar por causa do incidente.
"Quando me vim embora não sabia o que se estava a passar no campo. O Rafael [lateral do Basaksehir] veio ter comigo e disse 'parámos o jogo e não queremos jogar mais'. Eu respondi 'o quê? Não vão continuar a jogar?'. Trinta segundos depois, toda a equipa se veio embora. Perguntaram-me como estava. Estava muito nervoso. Não queria dizê-lo naquele momento…", assumiu ao 'Daily Mail'.
A forma como os jogadores das duas equipas lidaram com a situação foi algo que também surpreendeu o técnico.
"Neymar, Marquinhos e o Leonardo [diretor desportivo do PSG] ligaram-me, estavam ali no corredor. 'Lamentamos tudo isto, mas tens o nosso apoio. Não te preocupes, estamos contigo e não vamos jogar. Não aceitamos este tipo de palavras no futebol', disseram-me. Não me apercebi até sair do balneário, mas foi incrível. O Neymar, Mbappé, Diallo, todos os jogadores estavam ali… Saí porque o Leonardo me ligou para falar com ele e quando saí estava tudo em silêncio. Todos ficaram focados em mim. Quero agradecer ao Paris SG, aos jogadores, ao clube e a todos os que estavam lá, pela solidariedade que demonstraram. Estou muito orgulhoso pela sua atitude e quero agradecer-lhes por tudo", sublinhou.
O antigo jogador da seleção dos Camarões lamentou ainda que o seu filho tenha presenciado toda a confusão pela televisão.
"Ele vê todos os jogos da equipa e estava muito entusiasmado por ver o tipo de jogadores que iriam jogar e depois aconteceu aquilo… Falamos sempre após os jogos e ele disse-me 'papá, lamento imenso'. Foi muito duro. Vi-o muito abalado. Disse-lhe para não ficar assim, para ser mais forte e agora está muito melhor", atirou.
A UEFA instaurou um investigação para perceber o que aconteceu, antes de tomar medidas contra a equipa de arbitragem liderada por Ovidiu Hațegan.
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