Quem mais viu Éder a 'encarnar' em Alfa Semedo naquele minuto 75? Passada larga, jeito meio trapalhão, um médio defensivo que até tem 'pezinhos'. Os outros ficaram gregos com tanta audácia, os do Benfica de 'boca aberta' com a 'bomba' do Alfa. Primeiros três pontos, golo 102 do Benfica na Champions neste novo formato, primeiro golo após seis jogos sem marcar na prova e primeiro golo fora de casa, depois do 3-3 em Istambul frente ao Besiktas em novembro de 2016. Do melhor Benfica da época ao pesadelo foi um instante, graças a expulsão de Ruben Dias aos 45. Mas importante foram os três pontos.
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O jogo: do melhor Benfica da época ao 'caos' foi um instante. Valeu Alfa e Odysseas
Quem viu os primeiros 20 minutos do Benfica, dificilmente não terá pensado numa noite histórica dos 'encarnados' na Grécia, num jogo que tinha tudo para acabar em goleada. A dinâmica 'encarnada' em campo, com os extremos e laterais a entrarem nas costas dos laterais contrários, principalmente na direita onde Bakakis andou sempre perdido, fazia prever um jogo tranquilo do Benfica, até porque já havia 2-0 antes dos 15 minutos. O primeiro, por Seferovic, no golo 100 do Benfica no atual formato da Champions logo aos seis minutos, o segundo por Grimaldo, no tal espaço nas costas de Bakakis aos 14, de cabeça. Antes, era o guarda-redes Vasilios Barkas quem ia mantendo os campeões gregos dentro do jogo, com defesas fantásticas.
O Benfica começou a fazer a gestão que se impunha, embora tenha exagerado na forma de o fazer porque passou a atacar com menos gente, os extremos deixaram de fazer os movimentos que antes faziam, e com isso, cresceu o AEK. Odysseas Vlachodimos tratou de resolver os problemas que os gregos iam criando mas não podia resolver o de Rúben Dias: expulsão do central em cima do intervalo, numa entrada fora de tempo que deixou a equipa em dificuldades.
E, com isso, inverteram os papéis no segundo tempo: o Benfica perdido em campo e remetido à sua área, o AEK a atacar de todas as formas, principalmente pelo corredor esquerdo, onde André Almeida e Rafa não acertavam com as marcações. Dali surgiu dois centros perigosos, um deu o primeiro golo. O segundo, também marcado por Klonaridis, tal como o primeiro, deixou o Olímpico de Atenas em 'ebulição' e deixou o Benfica à beira de mais uma derrota na prova milionária. Odysseas Vlachodimos é que tinha outros planos e ia mantendo a 'águia' com a 'cabeça à tona', num sufoco que ameaçava transformar-se em derrota com o tempo.
A leitura de Rui Vitória do banco foi a mais correta. Não porque Alfa fez o golo da vitória mas o médio defensivo entrou para jogar ao lado de Fejsa, libertando Gedson para as coberturas na zona onde estava a bola, ficando o Benfica com mais poder de choque e mais capacidade de recuperar a bola naquela zona, à entrada da sua área. Numa dessas recuperações, Alfa Semedo foi por aí fora, naquele seu jeito meio trapalhão, ninguém lhe ligou muito, passou por dois gregos graças a sua passada larga, encheu-se de fé e pagou o que o Benfica gastou na sua contratação (dois milhões de euros). Um golaço a fazer lembrar a fé de Éder na final do Euro2016. Faltavam mais 15 minutos para o fim do jogo mas já não se viu mais o campeão grego.
Vitória saída da atuação individual de Odysseas, que teve quatro intervenções de grande nível na baliza, e da fé de Alfa Semedo. Mas pede-se mais a um Benfica que se quer afirmar na elite do futebol europeu. E pede-se mais a um central como Rúben Dias, que a agressividade num defesa é boa desde que doseada e aplicada nos momentos certos. Com outro adversário de um nível superior e aquele 'massacre' sofrido pelo Benfica no segundo tempo podia ter resultado numa goleada.
Momento do jogo: Chuta daí, Alfa!
O Benfica sofria, não conseguia sair da sua área, via os gregos a chegarem de todos os lados. Quando Alfa Semedo recuperou aquela bola aos 75 minutos, só Seferovic o acompanhou. Ninguém lhe ligou. Nem os gregos, os que ele deixou para trás com a sua passada larga. Então chutou, a 25 metros da baliza. E a bola entrou. Golaço, três pontos, e 2,7 milhões de euros no bolso da SAD. Com este remate, Alfa pagou o que o Benfica pagou por ele (2 milhões de euros) e ainda sobram 700 mil euros.
Os melhores: Odysseas redimiu-se após Chaves e ajudou Alfa a ter fé
Odysseas Vlachodimos: O guarda-redes alemão, de origem grega, foi o melhor do Benfica, numa noite que se adivinhava difícil. Depois de ser um dos culpados pelo empate em Chaves, redimiu-se para ajudar na vitória na Grécia.
Alfa Semedo: quem resolve um jogo com uma 'bomb' daquelas, quando a sua equipa joga com menos um e está a passar um mau bocado, merece elogios. O ex-Moreirense entrou para defender mas brilhou no ataque.
Viktor Klonaridis: podia sair do Olímpico de Atenas como o 'herói' do AEK mas viu Odysseas Vlachodimo negar-lhe o hat-trick, que significava o 3-2 para os gregos na altura. Mas foi um dos grandes responsáveis pela recuperação do campeão da Grécia.
Os Piores: Rúben Dias deixou a equipa frágil
Não se percebe a expulsão de Rúben Dias. Duas entradas fora de tempo, sendo que a segunda pedia-se que fizesse contenção e nunca tentasse chegar a uma bola que podia falhar. Falhou e inverteu o sentido do jogo. É jovem mas pedia-se mais ao central.
Quem viu os primeiros 20 minutos do AEK deve ter-se lembrado porque muitos treinadores dizem que a Liga dos Campeões começa verdadeiramente nos oitavos-de-final. Demasiados erros defensivos, falta de ligação com o ataque, erros de posicionamento gritantes numa equipa que está na Champions. O Benfica podia ter goleado nesses 20 minutos.
Reações: Rui Vitória dececionado com expulsão, Alfa radiante com o golo
Rui Vitória: "Expulsão desequilibrou-nos, tivemos dificuldades mas acertámos com entrada do Alfa"
Vlachodimos: "Foi um jogo difícil mas com final feliz"
Alfa Semedo: "Equipa fica mais motivada para o próximo jogo"
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