O Barcelona conseguiu dar uma sapatada na minicrise com a vitória por 2-1 na receção ao FC Porto e o apuramento para os oitavos de final da Champions na terça-feira, a um jogo do final da fase de grupos. Os culés muito dificilmente não terminarão como primeiros, sendo que o FC Porto só tem de não perder com o Shakhtar para imperar a lógica no Grupo H da Champions.
No Olímpico de Montjuic, casa emprestada dos blaugrana, foram os portugueses João Félix e João Cancelo a destroçarem o emblema português. Fica a boa exibição dos dragões, principalmente no primeiro tempo.
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O Jogo: quando a qualidade individual aparece....
As contas são fáceis de fazer para o FC Porto: é não perder em casa com o Shakhtar na última ronda que o apuramento está garantido. Mas isso o FC Porto já sabia, muito antes de entrar em campo com o Barcelona, depois de, ao final da tarde, os ucranianos terem vencido o Antuérpia. Mesmo que tivessem vencido o Barcelona, os dragões tinham sempre de confirmar o apuramento na última ronda, na receção ao Shakhtar, embora as contas fossem mais fáceis com uma vitória em casa dos espanhóis.
A derrota com o Barcelona explica-se também, de forma fácil: na Champions podes até igualar o adversário no nível de jogo, mas a qualidade individual continua a fazer a diferença. E foram as individualidades do Barcelona a desequilibrar, num jogo onde o FC Porto esteve melhor no primeiro tempo e o Barcelona melhor no segundo.
Cedo se viu que o Barcelona não teria tarefa fácil no Olímpico de Montjuic, oficialmente conhecido por Estadi Olímpic Lluís Companys. A pressão do FC Porto em quase todo o campo, com marcações quase homem-a-homem, deixava na capacidade individual a chave para o encontro. A estratégia de Sérgio Conceição impedia o Barcelona de criar e obrigava o adversário a errar e a perder a bola em zonas adiantadas. Com mais calma na decisão, os dragões podiam ter feito mais estragos.
Essa forma de jogar era também um perigo porque, uma vez batinha a linha de pressão, deixava os craques do Barcelona em situações de igualdade perante a defesa portista. Foi assim que João Cancelo bateu João Mário para o 1-1 (Pepe não saiu na dobra ao seu lateral como devia), dois minutos depois de Pepê ter adiantado o FC Porto, após saída rápida para o ataque dos dragões.
A qualidade invidual fazia estragos, assim como as dinâmicas em cada sector. A parceria portuguesa do Barça dava resultados, como se viu no 2-1, da reviravolta. Cancelo ganhou a João Mário, mais uma vez, no ar, combinou com o extremo luso para o 2-1 final. Os portugueses do Barcelona a darem cabo do FC Porto.
Os dois golos nascem de situações em que o Barcelona conseguiu bater a linha de pressão do FC Porto e ficou com muito espaço para explorar.
Sérgio Conceição pode ter acertado na estratégia, faltou-lhe ter jogadores com mais capacidade para o alimentar.
Destaque para a reação culé ao intervalo: tinha apenas 10 remates no primeiro tempo, dois deles enquadrados, contra quatro remates à baliza do FC Porto em 11 tiros. No segundo tempo foram 11 remates dos culés sendo que cinco levaram a direção do golo. O FC Porto só fez dois remates na segunda parte, um deles de Francisco Conceição para as mãos de Iñaki Peña.
Momento-chave: Pepê e a falta de decisão
O empate do jogo esteve nos pés de Pepê, aos 80 minutos. Em lance de ataque entre o internacional brasileiro e Taremi, o iraniano deixou na área no extremo que não conseguiu receber em condições e depois mostrou-se muito indeciso na hora de rematar. Perdeu tempo, perdeu o remate e perdeu uma oportunidade para dar alguma justiça ao resultado.
Os Melhores: Cancelo intratável, Pepê foi o dragão que mais brilhou
João Cancelo assumiu o protagonismo do jogo, com um golo de belo efeito e a assistência para o tento da vitória, de João Félix. Foi das melhores exibições do lateral português desde que chegou ao Barcelona. A maior parte dos lances de perigo dos culés saíram dos seus pés.
Pepê tinha tudo para ser o Homem do Jogo, caso tivesse concretizado a oportunidade aos 80 minutos. Apesar disso, foi dos melhores dos dragões: além do golo que marcou, sempre que conseguia rodar e acelerar pelo meio, criava perigo, pela forma como transporta a bola. Faltou-lhe mais discernimento na hora de decidir.
Em noite 'não': problemas laterais
Os dois golos do Barcelona foram marcados no lado de João Mário, daí que Sérgio Conceição o tenha tirado a meio do segundo tempo para lançar Jorge Sanchez. O jovem internacional português sofreu com João Félix e João Cancelo e foi batido pelos dois portugueses nos dois golos do Barcelona.
No outro lado, Zaidu não esteve nos golos sofridos do FC Porto mas mostrou, mais uma vez, ser curto para jogos desta dimensão. A juntar-se ao que não oferece a nível ofensivo (limita-se a receber na linha e a jogar seguro para trás, nos centrais ou no médio mais recuado), esteve mal a nível defensivo, com perdas de bola comprometedoras fruto da falta da qualidade técnica na receção e no passe.
Reações:
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