San Siro, essa espécie de Scala do futebol mundial. Onde se vê e ouve ópera em forma de futebol. 25 anos depois, Portugal regressava a um palco onde foi infeliz. Saiu derrotado por um zero, com um golo de Dino Baggio e viu gorado o sonho de chegar ao Mundial de 1994. Um quarto de século depois, a dimensão da seleção das quinas é outra e do tetracampeão do mundo também.

O futebol italiano vive um momento de introspeção depois de ter ficado de fora do último Campeonato do Mundo, o que deixou o mundo do futebol de boca aberta de espanto perante a ausência deste histórico. Porém, Portugal lutava contra as estatísticas já que o melhor resultado que tinha alcançado em Itália foi um empate, no já longínquo ano de 1967 (1-1). Precisamente o resultado, que bastava a Portugal para passar à 'final four' da Liga das nações

No seu 60ª jogo ao serviço da seleção, Fernando Santos fez duas alterações em relação ao último encontro da seleção. José Fonte entrou para o lugar do lesionado Pepe, Bruma rendeu Rafa Silva no onze inicial.

Depois da homenagem a Chiellini que comemorou a sua 100ª internacionalização era tempo de rolar a bola em San Siro. E esta, durante a primeira parte, pertenceu quase exclusivamente à equipa italiana. Assente num 4-3-3, a 'squadra azzurra' de Mancini sufocou autenticamente a equipa portuguesa durante a primeira parte e pode-se dizer que o (0-0) ao intervalo foi um resultado lisonjeiro.

De orgulho ferido e levado pelo seu público, os 'azzurri' entraram a pressionar. Insigne deu o primeiro aviso logo ao minuto 5, com Rui Patrício a fazer uma defesa monstruosa. Pouco depois, foi Florenzi com um remate cruzado a assustar o guardião português. Estava dado o aviso. Nos primeiros 45 minutos, Portugal sentiu muita dificuldade para contrariar o jogo entrelinhas da equipa italiana.

Depois de uns primeiros 10 minutos de pesadelo, Portugal tentou soltar-se da pressão italiana. Bruma numa excelente iniciativa individual quase causou 'estragos' para os donos da casa. No melhor período de Portugal durante o primeiro tempo, Bernardo Silva com um passe de mestre deixou em Cancelo, mas foi Florenzi a cortar, quando a bola já se encaminhava para André Silva.

Muito agressivos na recuperação e posse, os italianos causaram muitas dificuldades à seleção das quinas, que passou os 45 minutos praticamente a ver jogar. Rúben Neves e Mário Rui acabaram por ver o cartão amarelo e ficam de fora da próxima partida com a Polónia. Ainda antes do descanso, Rui Patrício segurou o empate, ao defender o remate de Immobile que apareceu na cara do guardião português. Saldaram-se por três as grandes oportunidades dos italianos durante a 1ª parte: Insigne (5´), Immobile 34´ e Bonucci aos 37´.

No segundo tempo, os italianos continuaram com maior posse de bola, mas menos venenosos na frente. Com menos sufoco, Portugal continuava com dificuldades em construir. Fisicamente a Itália caiu e aí Portugal aproveitou para equilibrar. Em dois minutos, a seleção dispôs das melhores oportunidades para marcar. Cancelo, lançado por Rúben Neves, serviu João Mário que atirou ligeiramente por cima da trave. Ao minuto 76´, William atirou de pé esquerdo, mas Donnarumma com grande intervenção, evitou o golo. Ao minuto 90, Fernando Santos quis colocou um tampão no jogo, tirando André Silva e colocando Danilo Pereira no miolo.

O objetivo foi conseguido. Portugal pontuou em Itália e assegurou a qualificação para a final four da Liga das Nações.