A descida do histórico Deportivo da Corunha ao terceiro escalão do futebol espanhol deixou muita gente “incrédula”, incluindo o seu antigo jogador Bruno Gama, que assumiu o “choque muito grande”.
“O que me deixa mais triste é saber que as pessoas provavelmente estão a sofrer. Já passaram dois anos desde que saí de lá, mas o sentimento que tenho pelo clube é muito forte, passei lá dos melhores momentos da minha carreira. Estou bastante triste com esta situação”, admitiu o atleta, que alinha nos gregos do Aris, em declarações à Lusa.
Bruno Gama, que representou a formação azul e branca entre 2011 e 2013 e posteriormente de 2016 a 2018, quando desceu à segunda, recordou a rica “história” do Corunha, “cujo lugar é na divisão principal”, depois de ter sido campeão em 2000, vencido a Taça do Rei em 1995 e 2002 e a Supertaça de Espanha em 1995, 2000 e 2002.
“Se a descida acontecer, claro que é um choque muito grande. Ninguém poderia esperar uma coisa destas de uma instituição como o Deportivo. Deve estar a ser muito complicado lidar com esta situação…”, lamentou.
O atleta de 32 anos ainda tem uma ténue esperança de que a despromoção seja revertida, após o clube ter pedido quarta-feira a repetição da 42.ª e última jornada.
Os galegos alegam "violação dos princípios da competitividade, igualdade e fair play", dado que chegou a esta fase com a possibilidade de garantir a manutenção, mas não conseguiu jogar com o Fuenlabrada, depois de vários casos de covid-19 terem sido detetados nos madrilenos.
Os restantes encontros da última jornada acabaram por decorrer, com Deportivo, mesmo sem jogar, e Numancia a serem relegados ao terceiro escalão.
“Gostava que a jornada fosse cancelada e ainda houvesse a possibilidade de permanecer II Liga, mas acho isso muito difícil”, assume, considerando que a sua antiga equipa foi “prejudicada com a situação”.
Na época passada o Corunha esteve quase a regressar ao escalão principal – “em Espanha quando uma formação da Liga desce tem, no primeiro ano, uma ajuda (financeira) importante, que permite apostar forte na subida” -, contudo, falhado o objetivo, verificou-se um natural desinvestimento no plantel, até pela escassez de recursos.
“Obviamente que a questão económica é sempre relevante, porque quando se tem mais dinheiro também se tem melhores futebolistas. Quando não se sobe, o segundo ano é mais complexo. Conheço boa parte dos jogadores e têm boa qualidade. Começaram mal, recuperaram e voltaram a ceder. É complicado sair de uma situação quando a dinâmica não é boa”, lamentou.
Bruno Gama não esquece a “paixão dos adeptos” que, até na II Liga, proporcionavam médias de espetadores “superiores a 20.000”.
Ainda assim, o português acredita que “não será muito complicado” ao Desportivo montar uma boa equipa para regressar à segunda e depois tentar a primeira, contudo avisa que isso “requer algum tempo”.
“É como recomeçar quase do zero. Ninguém espera uma situação destas, ninguém está preparado. Requer muita ajuda, muito apoio, muita entrega de gente que verdadeiramente gosta do clube e da cidade, uma parte importante para o colocar onde deve estar”, vincou.
Bruno Gama enviou “muita força” para a Corunha, elogiou o “real valor” do Deportivo e incentivou os adeptos a “apoiar a equipa do coração até a levar onde deve estar”, no primeiro escalão.
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