O antigo futebolista francês Thierry Henry apresentou hoje uma plataforma para apoio e denúncia de casos de racismo e ‘bullying’ nas redes sociais, na cimeira tecnológica Web Summit, que decorre até quinta-feira, em Lisboa.

“Estes não são problemas de minorias, é um problema de todos. Não é só racismo, há discurso de ódio e ‘bullying’ em relação a muitas outras questões. E precisamos de ajuda das pessoas que estão nos mais altos cargos. Precisamos de estar juntos, unidos como uma família”, afirmou o agora treinador-adjunto da seleção belga de futebol.

Henry, de 44 anos, abandonou as redes sociais na Internet em março último, na sequência de uma vaga de insultos racistas a futebolistas ingleses, prometendo voltar assim que as plataformas começassem a responsabilizar os utilizadores.

“Acho que não fizeram nada do que é preciso para nos sentirmos seguros. Não estão a fazer o suficiente para mudar algo. Eu, pessoalmente, estou bem, mas queremos criar um impacto na vida das pessoas, num ambiente que está doente, mas que pode ser um lugar seguro”, explicou o ex-avançado, na conferência de imprensa que se seguiu à sua presença no palco principal da Altice Arena.

Após a comunicação, intitulada “Tackling online bullying”, Henry justificou a associação à plataforma GOL [Game of Our Lives], como o passo seguinte ao boicote.

“Eu pensei o que podia fazer para ajudar. Eu não estava a ser abusado, mas queria ajudar quem estava a ser ou quem pode vir a ser”, referiu Henry, reiterando a necessidade de as plataformas serem criteriosas na aceitação e identificação de utilizadores.

Além disso, o antigo futebolista apontou como um passo para a solução o bloqueio de mensagens ou imagens de ódio, à semelhança do que acontece na publicação de vídeos ou músicas com direitos de autor, “até para cumprirem as leis existentes”.

Henry foi apresentado como ‘capitão’ do projeto apoiado por uma marca desportiva, que pretende envolver 50 clubes, 500 embaixadores e ‘influencers’ e 30 milhões de utilizadores.

A Web Summit decorre entre até quinta-feira em Lisboa, em modo presencial, depois de a última edição ter sido ‘online’ e a organização espera cerca de 40 mil participantes, segundo revelou, em setembro, Paddy Cosgrave, presidente executivo da cimeira.