O treinador português Renato Paiva apela à superação do Independiente del Valle na Taça Libertadores de 2022, que os ‘negriazul’ vão integrar pela primeira vez como campeões equatorianos de futebol, à oitava presença.
“Fizemos muito em eliminar o Grêmio nas pré-eliminatórias da edição de 2021. Foi um milagre. Depois, tivemos muito azar com o sorteio, ao apanhar o Palmeiras, que ganhou as últimas duas edições, e o Defensa y Justicia, vencedor da Taça Sul-Americana em 2020. Ficámos pela fase de grupos e, neste momento, quero melhorar essa prestação”, desejou à agência Lusa o técnico, de 51 anos, recém-consagrado campeão do Equador.
Depois de afastar os chilenos do Unión Española (6-3 nas duas mãos) e os brasileiros do Grêmio (4-2), o clube de Sangolquí foi terceiro colocado no Grupo A, com cinco pontos, mais um que os peruanos do Universitario, últimos classificados, mas a quatro dos argentinos do Defensa y Justicia e a 10 dos ‘canarinhos’ do Palmeiras, de Abel Ferreira.
O Independiente del Valle transitou da Taça Libertadores, na qual foi finalista em 2016, para a Taça Sul-Americana, que conquistou em 2019, caindo logo nos oitavos de final diante dos brasileiros do Bragantino (1-3 no agregado), batidos pelos compatriotas do Athletico Paranaense na final da segunda competição sul-americana de clubes (0-1).
“Obviamente, tem de haver uma conjugação de muitas coisas para que um clube equatoriano ganhe a Libertadores. Basta ver quem é que esteve nas últimas meias-finais e finais. O Brasil dita leis de forma poderosíssima nestas competições e a Argentina vem logo a seguir. De vez em quando alguém faz uma gracinha, mas tenho de ter os pés bem assentes na terra. Vamos trabalhar com o objetivo de passar a fase de grupos”, reiterou.
Oficializado no dia de Natal de 2020, Renato Paiva amparou a primeira experiência no estrangeiro numa “força coletiva com poderio ofensivo”, expressa em 23 vitórias, 11 empates e 11 derrotas em quatro competições, com 82 golos marcados e 53 sofridos.
Além da conquista do campeonato e da prestação a nível internacional, o Independiente del Valle perdeu diante do Delfín (3-5) nas pré-eliminatórias da Supertaça do Equador, cuja final levou o LDU Quito ao triunfo sobre o Barcelona, anterior campeão nacional.
“Uma grande equipa tem de saber defender com poucos para atacar com muitos, ainda para mais quando 85 a 90% dos jogos são com adversários que defendem quase dentro da área. Tenho vários atletas para a Europa, mas não gostava de dizer quem são, pois vou estar a levantar lebres e depois veem buscá-los. Basta ver dois ou três jogos e é fácil perceber quem pode ou não ir. O ‘scouting’ dos clubes que faça o seu trabalho”, atirou.
À falta de uma “escola tática muito desenvolvida”, o ex-técnico do Benfica B apreciou a “excelente relação com bola, velocidade e força no um contra um” do tradicional jogador equatoriano, num campeonato “sui generis e com muito apelo ao destaque individual”.
“Há quatro ou cinco relvas boas e as restantes são terríveis para a nossa forma de jogar. O tempo útil de jogo não é alto, pois apanhas-te a ganhar e toca a queimar tempo. São coisas que estou farto de meter o dedo na ferida. Não é para beneficiar o Independiente, mas fazem evoluir o jogador e o futebol equatoriano”, advertiu o treinador albicastrense, que venceu em 12 de dezembro o Emelec (4-2 nas duas mãos) na final do campeonato.
Os ‘negriazul’ têm colocado o guarda-redes Moisés Ramírez, os defesas José Hurtado e Luis Segovia, os médios Fernando Gaibor e Junior Sornoza e o avançado José Angulo nas recentes convocatórias da seleção ‘tricolor’, que segue na terceira posição da zona sul-americana de acesso ao Mundial2022, atrás dos já qualificados Brasil e Argentina.
“Quando me apresentaram este projeto pela primeira vez, parecia que ia mudar de país, mas não de clube. A única diferença para o Benfica é a dimensão, porque as instalações, filosofia, metodologia, pessoas e qualidade da prospeção eram muito parecidas. Por isso, já estava quase a sentir-me em casa. Ser formador e ter passado tanto jovem que hoje está ao mais alto nível pelas mãos forçou muito que o clube me quisesse”, argumentou.
Numa época em que, no final da primeira volta, o Independiente del Valle “já tinha três vendas feitas”, cenário “nunca antes visto no clube”, Renato Paiva destaca a projeção do médio Pedro Vite, de 19 anos, que rumou em julho aos canadianos do Vancouver Whitecaps, após três golos e seis assistências em 25 jogos disputados desde fevereiro.
“Esse trabalho sei fazê-lo bem e nunca falhei. Nunca houve um ano no Benfica em que jogadores e equipas não terminassem a temporada melhor do que começaram. Depois, podíamos ganhar ou não, mas a evolução dos atletas era o trabalho fundamental e o crescimento coletivo acabava por ser notório. Isso garanto sempre aos meus presidentes e diretores e, sem dúvida, influenciou a minha decisão de vir para o Equador”, concluiu.
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