O parlamento suíço levantou hoje a imunidade do procurador-geral cessante, com atuação suspeita no escândalo de corrupção 'FIFAgate', uma decisão que abre caminho a processos criminais.
Michael Lauber, que supervisionou os procedimentos relacionados com os escândalos de corrupção que abalaram a Federação Internacional de Futebol (FIFA) durante vários anos, é suspeito de conluio com o atual presidente da FIFA, Gianni Infantino, após uma série de reuniões informais em 2016 e 2017 com o mesmo.
Quando os encontros foram denunciados pelos media suíços, com base em informação da plataforma ‘Football Leaks’, criada pelo português Rui Pinto, as críticas surgiram de todos os quadrantes e, apesar de as rebater, o promotor suíço acabaria por renunciar no final de julho: oficialmente, deixou o cargo em 31 de agosto.
As comissões competentes das câmaras federais helvéticas levantaram a imunidade do alto magistrado, justificando que os factos de que é acusado têm "relação direta com as suas funções e atividades oficiais".
De acordo com as primeiras conclusões do procurador extraordinário da confederação, Stefen Keller, nomeado em 03 de julho pelo governo para examinar as queixas criminais contra Lauber e Infantino, existem “elementos constitutivos de comportamento repreensível em relação” aos encontros entre ambos.
Os crimes em causa são "abuso de autoridade, violação do segredo oficial, obstrução do processo penal e instigação de tais crimes".
Lauber disse não se recordar dos encontros, enquanto a FIFA nunca negou essas reuniões, explicando que tinham como objetivo mostrar que o órgão internacional, que tem o status de denunciante em certos processos de corrupção, estava "pronto para colaborar com a justiça suíça".
Apesar disso, o contexto jurídico em que essas reuniões ocorreram levanta a questão de um possível conluio entre a FIFA e a justiça.
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