Se no início de 2021 lhe dissessem que Cristiano Ronaldo voltaria a jogar em Old Trafford e Lionel Messi deixaria o Barcelona ao fim de duas décadas, o mais provável era não acreditar. No entanto, o último verão trouxe-nos um mercado de transferências como há muito não se via, com o português e o argentino a saírem para novos clubes. O forte investimento vindo da Premier League e o elevado número de jogadores que saíram a custo zero foram outros dos destaques deste ano.
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Insatisfeito ao fim de três épocas na Juventus, Ronaldo chegou a ser apontado ao Real Madrid e ao Manchester City, mas foi no United que o português voltou a ser feliz, 12 anos depois. Os 'red devils' pagaram 15 milhões de euros pelo passe do português, valor ao qual se juntam mais oito milhões de euros dependentes do seu desempenho, que fazem do camisola 7 o jogador com uma idade igual ou superior a 36 anos mais caro da história.
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Houve quem dissesse que Ronaldo já não teria ritmo para uma competição como a Premier League, mas a verdade é que o avançado tem respondido aos críticos com golos e recordes, tendo também ajudado o Manchester United a atingir os oitavos de final da Liga dos Campeões.
Clubes ingleses sem medo de gastar no mercado europeu
Antes dessa simbólica oportunidade de mercado, os ‘red devils’ já tinham mostrado pujança financeira por Jadon Sancho (ex-Borussia Dortmund, que custou 80 milhões de euros) e Raphael Varane (ex-Real Madrid, 40 ME). Acima dos 140 milhões do Manchester United só esteve o Arsenal, com 165,6 ME, distribuídos por Ben White (ex-Brighton, 58,5), Martin Odegaard (ex-Real Madrid, 35), Aaron Ramsdale (ex-Sheffield United, 28), Takehiro Tomiyasu (ex-Bolonha, 18,6), Albert Sambi Lokonga (ex-Anderlecht, 17,5) e Nuno Tavares (ex-Benfica, oito).
Os ‘gunners’ foram mesmo o clube com pior saldo no verão, ao faturarem 29,4 milhões de euros, numa janela em que o campeão inglês Manchester City estabeleceu a operação mais cara de 2021/22 com Jack Grealish, contratado ao Aston Villa por 117,5 ME.
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Messi e o fim de uma era no Barcelona
Resistente andou o Borussia Dortmund a lidar com a cobiça a Erling Haaland. O avançado norueguês seria a prioridade imediata do Paris Saint-Germain para suprir uma eventual ida para o Real Madrid de Kylian Mbappé, que, a caminho do último ano de contrato, ficou rodeado por uma autêntica constelação de estrelas.
Após 21 anos, 672 golos e 34 títulos, Lionel Messi despediu-se em lágrimas do Barcelona, que alegou questões financeiras para a saída do argentino. Apenas dois dias depois, o craque viajou até Paris para assinar contrato com o PSG, juntando-se a outros nomes que também chegaram a custo zero, como Donnarumma (oriundo do AC Milan), Wijanldum (Liverpool), e Sergio Ramos (Real Madrid).
O emblema francês pagou ainda 60 milhões de euros por Achraf Hakimi (Inter) e 16 pela cláusula de compra de Danilo Pereira (ex-FC Porto). A aposta em Nuno Mendes (Sporting), para já negociado a título de empréstimo (sete milhões), atendendo às limitações do ‘fair play’ financeiro, fechou um verão de sonho para o PSG.
A expectativa era grande, sobretudo para ver como funcionaria o tridente ofensivo composto por Messi, Neymar e Mbappé. No entanto, apesar de alguns golos e lampejos de classe, o argentino ainda não encontrou a sua melhor versão ao serviço do PSG.
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Ainda a sentir os efeitos da pandemia , o mercado moveu menos dinheiro em Espanha, onde a saída de Saúl Ñíguez permitiu ao campeão Atlético Madrid resgatar Antoine Griezmann por cedência do Barcelona, com uma cláusula de 40 milhões de euros.
Essa verba representa apenas um terço dos 120 ME pagos há dois anos pelos catalães, sintomático dos seus problemas financeiros, que impulsionaram a saída de Lionel Messi e a redução salarial dos capitães Gerard Piqué, Sergio Busquets e Jordi Alba. Só dessa forma é que o Barcelona conseguiu inscrever os reforços Memphis Depay (oriundo do Lyon), Sergio Aguero e Eric García (ambos ex-Manchester City), aos quais se juntou o empréstimo de Luuk de Jong (Sevilha).
Três grandes menos ativos no mercado
O investimento foi bastante mais comedido a nível interno, com as equipas nacionais a gastarem cerca de 77,8 milhões de euros em 316 reforços. O FC Porto foi a equipa mais dispendiosa, desembolsando um total de 24,7 milhões de euros, com Pepê a ser a contratação mais cara (15 ME). As outras caras novas foram Wendell (4 milhões de euros), Bruno Costa (2,5 milhões) e Fábio Cardoso (2,2 milhões).
No departamento das vendas, os 'dragões' encaixaram 16 milhões de euros com a transferência de Danilo, que assinou em definitivo pelo PSG. A outra saída do plantel foi a de Chidozie Awaziem para o Boavista, por um custo de cinco milhões de euros. Já por empréstimo, saíram nomes como Diogo Leite (SC Braga), Shoya Nakajima (Portimonense), Carraça (Belenenses SAD) e Mamadou Loum (Alavés).
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O Benfica foi o segundo clube nacional a despender mais dinheiro em reforços: 24,5 milhões de euros em sete novas caras. Chegado à Luz a troco de 17 milhões de euros, Roman Yaremchuk foi o ativo mais caro dos 'encarnados'. Por valores mais baixos, foram comprados Soualiho Meïté, por cerca de seis milhões de euros, e Gil Dias, num negócio que rendeu ao Mónaco 1,5 ME.
João Mário e Rodrigo Pinho, a custo zero, e Nemanja Radonjic e Valentino Lazaro, por empréstimo, também reforçaram o plantel às ordens de Jorge Jesus.
Esta janela de transferências fica também marcada pelas saídas de Pedrinho para o Shakhtar Donetsk (Ucrânia) por 18 milhões de euros e de Luca Waldschmidt para o Wolfsburg (Bundesliga) por 12 ME. O clube obteve ainda lucro com Nuno Tavares (oito milhões de euros), Franco Cervi (oito milhões), Caio Lucas (dois milhões), Filip Krovinovic (1,5 milhões) e Alfa Semedo (1,5 milhões).
Chiquinho (SC Braga), Nuno Santos (Paços de Ferreira), Tiago Dantas (Tondela), Diogo Jota (Celtic), Vukotic (Boavista), Tomás Tavares (Basileia) e Florentino (Getafe) acabaram por ser emprestados.
Já o Sporting, campeão nacional em título, investiu 12 milhões de euros em dois jogadores, Manuel Ugarte (6,5 milhões de euros) e Ricardo Esgaio (5,5 milhões). Através de empréstimo ou a custo zero, chegaram também Matheus Reis, Gonçalo Esteves, Rúben Vinagre, João Virgínia e Pablo Sarabia.
Em termos de vendas, as saídas de Luís Maximiano (cinco milhões de euros), Josip Misic (quatro milhões) e Nuno Mendes (o PSG pagou uma taxa de empréstimo de sete milhões) permitiram ao emblema lisboeta encaixar um total de 13,5 ME.
A título de empréstimo, para além de Nuno Mendes, saíram Gonzalo Plata (Valladolid), Idrissa Doumbia (Zulte Waregem), Luiz Phellype (Santa Clara), Andraz Sporar (Middlesbrough), Rafael Camacho (Belenenses SAD), Pedro Mendes (Rio Ave), Eduardo Henrique (Al-Raed), Pedro Marques (Famalicão), Valentin Rosier (Besiktas), Eduardo Quaresma (Tondela), Rodrigo Battaglia (Maiorca) e Tiago Ilori (Boavista).
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