O selecionador português de futebol feminino, Francisco Neto, garantiu hoje que Portugal estará "com muita honra" no Euro2022, depois de ter sido convidado para ocupar a vaga da Rússia.

O Comité Executivo da UEFA decidiu hoje afastar a Rússia da fase final do Euro2022, em Inglaterra, devido à invasão russa da Ucrânia, anunciando a entrada de Portugal para o seu lugar, depois de ter sido afastado pelas russas nos 'play-offs'.

"Começo por dizer que trocávamos a presença neste Europeu por um mundo sem guerra e sem os acontecimentos chocantes que temos acompanhado pela televisão: bombardeamentos, mortes, crianças, mulheres, famílias inteiras em sofrimento e em fuga. Ninguém fica indiferente. A partir do momento em que recebemos o convite da UEFA para ocupar a vaga da Rússia, e participar num evento desta dimensão, aceitámos com muita honra e vamos preparar-nos da melhor maneira para disputar a prova, naquela que será a nossa segunda fase final em Europeus", disse o selecionador.

Em declarações ao site da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Francisco Neto lembra que este ano Portugal teve "a oportunidade de defrontar grandes seleções, na qualificação para o Campeonato do Mundo, em abril, e na Algarve Cup, em fevereiro".

"Vamos dar seguimento ao nosso trabalho em junho, com alguns jogos de preparação, na certeza de que teremos pela frente uma missão difícil, mas simultaneamente aliciante. Portugal trabalha para marcar presença nos grandes torneios internacionais", referiu.

O selecionador lembra que foi esse trabalho que Portugal demonstrou na qualificação para o Europeu, apesar de "não ter conseguido a qualificação para Inglaterra por uma diferença de um golo nas duas mãos" frente à Rússia.

"Terminámos com uma pontuação recorde de 19 pontos na fase de grupos e conquistámos o direito de disputar o ‘play-off’ de acesso à fase final, onde perdemos com a Rússia", afirmou.

Francisco Neto acredita que a formação das ‘quinas' está cada vez mais próxima das "equipas que normalmente têm maior número de presenças nas fases finais".

"Nas fases finais, uma das grandes vantagens é o tempo que teremos disponível para trabalhar com as jogadoras. Nunca tivemos tanto tempo, só há cinco anos. É outro aspeto que, naquela altura, fez alavancar a qualidade da equipa. Esperemos que dê para alavancar mais uma vez a qualidade coletiva da equipa", afirmou.

Portugal vai assim participar pela segunda vez num Europeu de futebol feminino, depois de ter estado na edição de 2017, na qual venceu uma partida e perdeu duas, não passando a fase de grupos.

Com a decisão da UEFA, Portugal fica integrado no Grupo C, juntamente com a Suíça, os Países Baixos e a Suécia, com os encontros a disputarem-se em Wigan & Leigh.

A equipa das ‘quinas' vai fazer a estreia em 09 de julho, frente à Suíça, defrontando os Países Baixos, atuais campeões da Europa e 'vices' mundiais, em 13 de julho, antes de fechar a fase de grupos frente à Suécia, em 17.

Além da exclusão do Euro2022, a seleção feminina da Rússia também não vai competir na fase de qualificação para o Mundial de 2023, com os seus resultados no Grupo E a serem considerados nulos.

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas de suas casas – mais de 7,7 milhões de deslocados internos e mais de 5,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).