Portugal está na final do Europeu de sub-19 pela terceira vez consecutiva. A formação lusa goleou a República da Irlanda por 4-0 e vai disputar o título com o vencedor do França-Espanha, no sábado às 17h30. Em Yerevan, os comandados de Filipe Ramos não deram hipóteses e marcaram por Vitor Ferreira e Gonçalo Ramos que fez um hat-trick. Mesmo sem Tiago Dantas, Romário Baró, Tomás Esteves e Fábio Silva (jogadores que trabalham com as equipas A dos respetivos clubes mas podiam estar na Arménia), a seleção de sub-19 de Portugal tem tudo para revalidar o título.
Paciência para ultrapassar o calor e 'escalar' a 'muralha' irlandesa
Os 37 graus que assinalavam os termómetros às 18h00 (15h em Portugal) de Yerevan, capital da Arménia, pedia um Portugal a jogar com paciência, a gerir muito bem o esforço, perante uns irlandeses 'acampados' perto da sua área, cortando tudo o que era caminho para a sua baliza. O calor que se sentia no Banants Stadium obrigou o árbitro Kristo Tohver, da Estónia, a decretar duas paragens em cada parte do jogo para os jogadores hidratarem-se.
E era aí que tinha de entrar em cena a capacidade mental e psicológica dos comandados de Filipe Ramos: era preciso circular bem a bola, acelerar sempre que possível, variando os flancos, onde o jogo ganhava virtuosismo com os extremos Félix Correia e João Mário, muito ajudados pelos laterais Tomás Tavares e Costinha. Pelo meio, Fábio Vieira e Vítor Ferreira ia organizando o jogo e, sempre que podia, o esquerdino Fábio puxava a 'culatra atrás' para fazer uso do seu bom pontapé de fora da área.
E foi da qualidade individual que Portugal viria a fazer o primeiro. João Mário bailou na área, foi 'ceifado' por Hodge. Penalti que Vítor Ferreira converteu com toda a calma, aos 31 minutos.
Apesar de a história correr a favor de Portugal (três vitórias em outros tantos jogos neste escalão, sete golos marcados e um sofrido), era preciso estar atento aos irlandeses, que apenas perderam (pela margem mínima) para a França na fase de grupos. O possante Ali Reghba, avançado que atua no Leicester, ia dando 'água pela barba' aos centrais portugueses, que tinham dificuldades em ganhar ao jogador nascido na Alemanha quando o confronto era físico.
O golo obrigou a República da Irlanda a sair da sua zona de conforto para procurar o empate, algo que podia ter chegado aos 34 minutos. Um primeiro remate de Coffey foi defendido por Celton Biai para a frente mas o irlandês voltou a rematar. Costinha, em cima da linha de golo, fez de guarda-redes e cortou a bola. Dois minutos depois é McGuinness a ficar perto do golo mas o seu remate foi devolvido pela barra.
Portugal respondeu ao melhor período irlandês com o 2-0. No segundo dos oito minutos de compensação (houve duas paragens para hidratação e outras tantas para assistências a jogadores), João Mário fez um centro/remate, a bola bateu na barra e sobrou para Gonçalo Ramos que só teve de encostar para golo.
Gonçalo Ramos à matador, João Mário em três golos
O segundo tempo trouxe uma Irlanda mais solta no terreno, mais subida, com mais elementos de cariz ofensiva, na tentativa de marcar um golo que os pudesse recolocar na discussão do resultado. Portugal continuava a gerir o jogo, a comandar as operações, embora nem sempre bem. O muito espaço dado pelos irlandeses nem sempre era bem explorado pelos jogadores portugueses no último reduto.
Aos 59 minutos, João Mário acelerou pela direita, cruzou atrasado para o remate certeiro de Gonçalo Ramos, fazendo o 3-0, o seu segundo golo no jogo. João Mário deixa assim o seu 'selo' nos três golos de Portugal.
Filipe Ramos aproveitou para refrescar a equipa, lançando Daniel Silva, Rodrigo Fernandes, Tiago Gouveia e Samuel Costa, nos postos de Félix Correia, Fábio Vieira, João Mário e Vítor Ferreira.
Com o passar do tempo e perante a impotência para sequer marcar um golo, a frustração começou a afetar os jogadores irlandeses, que passaram a ter entradas mais duras na disputa dos lances. Celton Biai ficou queixoso num lance com Reghba. Ebosele teve uma entrada dura sobre um jogador português, num lance que podia dar vermelho mas o árbitro optou pelo amarelo.
Até ao final, registo apenas para mais uma boa defesa de Celton Biai, num livre que levava 'selo de golo'. E quando se estava no sexto dos sete minutos de desconto, Gonçalo Ramos aproveitou uma bola na área para fazer o 4-0 final, o seu terceiro golo no encontro.
Portugal vai agora defender o título conquistado há dois anos, naquela que é a sua terceira final consecutiva nos sub-19, a 13.ª da história neste escalão. Os lusos tentam sagrar-se campeões europeus de sub-19 pela quinta vez, depois do quarto título conquistado a 29 de julho de 2018, sob o comando de Hélio Sousa. Portugal tinha vencido em 1961, 1994 e 1999.
O título alcançado em Seinajoki juntou-se aos três já somados pela equipa das ‘quinas’, o primeiro referente ao Torneio Internacional de Juniores e os outros dois na categoria de sub-18. Desde que, em 2002, a prova passou a ser de sub-19, Portugal perdeu as finais de 2003, 2014 e 2017.
A República da Irlanda, que já tinha perdido nas meias-finais em 2002 e 2011, voltam a falhar a presença numa final de um Europeu de sub-19.
A final está marcado para às 17h30 deste sábado, frente ao vencedor do França-Espanha.
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