José Peseiro era um homem feliz, depois de guiar a Nigéria às meias-finais da Taça das Nações Africanas, ao vencer Angola por 1-0.

Na conferência de imprensa de análise do jogo, o português explicou o que mais gostou do jogo.

"[O que mais gostei foi] Não termos sofrido, porque é difícil a nossa equipa não marcar. Na segunda parte, o adversário podia ter criado perigo com cruzamentos e o nosso guarda-redes fez boas defesas. Na primeira parte, o adversário não fez nada de especial, mas na segunda criaram uma oportunidade clara e nós desperdiçámos dois golos. No final do jogo ficámos nervosos e ambas as equipas quebraram, o que foi perigoso, por isso sofremos mais do que noutros jogos", frisou.

Peseiro viu o jogo todo de pé, dando indicações e gesticulando a toda a hora. A sua postura não passou despercebido aos jornalistas.

"Se me conheces, no banco sou assim. A minha mulher diz que estou gordo e, se estiver em pé, sou capaz de perder quatro ou cinco quilos e ela fica mais contente. Depois, porque sou um treinador interventivo, mesmo que os jogadores às vezes não me oiçam", comentou.

Sobre o jogo, Peseiro fez a seguinte análise.

"Em primeiro lugar, Angola chegou aos quartos de final não por milagre, mas por ser uma boa equipa. A nossa equipa marcou um golo e podia ter marcado mais, criámos mais oportunidades do que eles. Na primeira parte tentámos controlar o jogo no meio-campo ofensivo, na segunda parte foi mais no contra-ataque. Podíamos ter decidido melhor no último terço, mas estou feliz e os meus jogadores merecem a passagem. Parabéns a Angola, fizeram um torneio fantástico e são uma boa equipa", analisou.

O selecionador da Nigéria deixou palavras elogiosas para Angola e para Gelson Dala, que treinou no Sporting.

"Gelson Dala foi meu jogador no Sporting. Angola tem uma grande equipa e tem de acreditar que pode ir ao Mundial e ganhar a CAN, está cada vez mais próxima das melhores equipas de África. Acredito que esta Angola, com os jogadores que tem e o trabalho que está a ser feito... Desde miúdo que tenho um grande sentimento pelos países lusófonos. Apesar das coisas menos boas que fizemos lá - peço desculpa, se calhar não fizemos coisas assim tão boas - somos mesmo amigos destes países e acredito que nenhum país goste mais de Angola do que os portugueses", atirou.

Apesar da seleção nigeriana ser, historicamente, uma das principais equipas africanas, a verdade é que chegou à Costa do Marfim em crise, com José Peseiro em ‘maus lençóis’ e sem qualquer apoio da federação local, organismo que publicamente assumiu o desejo de despedir o técnico português, embora não o pudesse fazer por motivos financeiros.

Peseiro fica assim à espera do vencedor do embate de sábado entre Cabo Verde e África do Sul para conhecer o adversário das meias-finais.