Durante 30 dias, 24 seleções vão disputar o troféu da 34ª Taça das Nações Africanas.

Até agora, 16 países já venceram a competição, sendo que o Senegal entra na prova com o estatuto de campeão da última edição realizada em 2022.

Para arrancar o roteiro, caro leitor, mergulhe nesta sequência de números para se inteirar da história da CAN, que tem no Egito a seleção que mais vezes venceu o troféu, em sete ocasiões. Agora orientada pelo técnico português Rui Vitória, o Egito é também a seleção com mais participações (26), mais jogos (107), mais vitórias (60) e com o melhor ataque com 168 golos apontados. Em sentido inverso, a formação costa-marfinense, anfitriã da prova, carrega o pior registo defensivo com 103 golos sofridos.

Cansado de números? Ainda não acabou. Samuel Eto'o é o melhor marcador de sempre da competição - marcou 18 golos - enquanto Ahmed Hassan, do Irão, é o jogador com mais títulos conquistados - 4.

Vamos a isto? Vamos.

CAN 2019
O Senegal foi o grande vencedor da última edição ao vencer o Egito na final. créditos: AFP or licensors

CAN 2023... em 2024

A CAN 2023, realizada na Costa do Marfim, arranca este sábado e termina a 11 de Fevereiro. A 34.ª edição da prova foi atrasada sete meses para a escapar ao mau tempo que, por norma, assola o país naquela altura do ano (Junho e Julho). Tal como se previa, junho, por norma o mês mais chuvoso no país, ficou marcado por severas inundações causadas por fortes chuvas que mataram pelo menos cinco pessoas em Abidjan, uma das cidades que recebe a CAN, a par de Bouaké, Yamoussoukro, Korhogo e San-Pedro.

A decisão do adiamento foi tomada em Rabat, em Marrocos, na reunião do comité executivo da Confederação Africana de Futebol, cancelando a primeira data prevista, a saber, de 23 junho a 23 julho de 2023. Assim, a organização decidiu realizar a competição nos primeiros dois meses de 2024. Este sábado é o jogo inaugural, a 11 de fevereiro a final, marcada para um domingo. A nomenclatura da prova mantém-se - CAN 2023 - apesar de ser realizada já em 2024.

A fase de grupos

Pelo formato do torneio, os 24 participantes são divididos em seis grupos de quatro equipas.

Os dois primeiros lugares de cada grupo dão acesso direto aos oitavos-de-final, em que estarão também os quatro melhores terceiros classificados.

CAN 2023
A composição dos 6 grupos para a 34.ª edição da prova. créditos: @ Twitter CAF

As cinco principais estrelas

Mohamed Salah (Egito)

Estreou-se na seleção em 2011, um ano depois de o Egito ter conquistado o último dos seus sete títulos da Taça das Nações. Jogou nas equipas que perderam as finais da prova em 2017, para os Camarões, e em 2022, para o Senegal. Espera este ano mudar a história.

Com 14 golos em 20 jogos esta época no campeonato inglês, o avançado poderá desfalcar o Liverpool em pelo menos 4 jogos da Premier League. O ponta-de-lança tem-se revelado um autêntico símbolo desportivo em todo o mundo, especialmente junto da comunidade árabe. E terá uma palavra a dizer na CAN ao serviço do Egito, uma das grandes candidatas ao título, agora com Rui Vitória ao comando.

CAN 2023
Mohamed Salah, Egito créditos: AFP or licensors

Achhraf Hakimi (Marrocos)

O lateral-direito do Paris Saint-Germain é a maior estrela da seleção marroquina, que ocupa o primeiro lugar no ranking africano. Chega à CAN com grandes ambições depois de ter alcançado as meias-finais do Mundial há pouco mais de um ano, tendo pelo caminho eliminado Portugal nos quartos-de-final. Se Hakimi se mantiver em forma e der o seu melhor, Marrocos terá todas as chances de conquistar a primeira Taça das Nações Africanas desde 1976.

CAN 2023
Achraf Hakimi, Marrocos créditos: AFP or licensors

Sadio Mané (Senegal)

Mane foi herói quando o Senegal pôs fim a anos de insucesso ao vencer a CAN pela primeira vez em 2022, marcando o penálti vencedor contra o Egito. em Yaoundé. O futebolista africano, duas vezes eleito o melhor jogador do ano, foi o segundo classificado para a Bola de Ouro em 2022, mas os últimos meses não têm sido propriamente dourados para Mané.

Uma lesão impediu-o de participar no Campeonato do Mundo do Qatar e, uma época depois de ter chegado à Alemanha, deixou o Bayern de Munique para se juntar ao Al Nassr na Liga Saudita. Será que, aos 31 anos, Mané poderá recuperar a sua melhor versão europeia, quando vestia a camisola do Liverpool? O Senegal, campeão em título, deseja que sim.

CAN 2023
Sadio Mane, Senegal créditos: AFP or licensors

Victor Osimhen (Nigéria)

Segue para a Costa do Marfim depois de ter sido eleito o melhor jogador africano de 2023, após a sua brilhante atuação em Itália na campanha do campeão Nápoles, na época passada.

Na última época marcou 26 golos, mas este ano tem sentido algumas dificuldades com apenas oito remates certeiros até agora. Acaba de assinar a renovação com o emblema italiano, com o vínculo a estender-se até 2026. É uma das grandes referências da competição.

Osimhen quase não participou na edição da prova em 2019, quando a Nigéria terminou em terceiro lugar. Na última edição, há dois anos,  ficou de fora devido a uma lesão no rosto e a um surto de Covid. Poderá agora, finalmente, brilhar na competição e ajudar a Nigéria, de Peseiro, a lutar pelo troféu.

CAN 2023
Victor Osimhen, Nigéria créditos: AFP or licensors

Serhou Guirassy (Guiné-Conacri)

A Guiné-Conacri ocupa apenas a 15ª posição no ranking africano, tem tido pouca participação nas fases finais dos últimos torneios da FIFA, e precisa de lutar para tentar sobreviver num grupo com Senegal, Camarões e Gâmbia. Contudo, para missão de tamanha dificuldade, o país conta com o atacante Guirassy, de 27 anos, que tem sido uma verdadeira sensação na Bundesliga esta temporada.

O ex-jogador da seleção sub-20 da França tinha uma média assinável de 10 golos por temporada nos últimos três anos, ao serviço do Rennes, mas não baixou de forma quando se mudou para o Estugarda, onde tem sobressaído pela positiva.

Guirassy tem 19 golos em 16 jogos em todas as competições pelo clube alemão esta temporada, incluindo dois hat-tricks. Apenas Harry Kane, do Bayern de Munique, marcou mais golos na liga alemã. Agora, resta saber se ele conseguirá transferir a boa fase do clube para a seleção, onde o seu histórico até agora tem sido bem mais discreto.

CAN 2023
Serhou Guirassy, Guiné Bissau créditos: AFP or licensors

Os treinadores portugueses e os jogadores 'portugueses'

Treinadores portugueses

Ao todo são três: Rui Vitória (Egito), José Peseiro (Nigéria) e Pedro Soares Gonçalves (Angola).

A seleção de Peseiro ficou colocada no Grupo A, juntamente com Costa do Marfim, Guiné Equatorial e Guiné-Bissau. Já o técnico bicampeão pelo Benfica estará no Grupo B com Cabo Verde, Gana e Moçambique. Por último, o selecionador de Angola vai defrontar a Argélia, Burquina Fasso e Mauritânia.

Jogadores 'portugueses'

Entre a I Liga, II Liga, Liga 3 e Campeonato de Portugal, serão 24 os jogadores presentes na CAN 2023.

Só da I Liga são 12 atletas. No Sporting, destaque para as ausências de Diomande (Costa do Marfim) e Geny Catamo (Moçambique). Zaidu (Nigéria) desfalca o FC Porto, enquanto no SC Braga, Banza (RD Congo) e Niakaté (Mali) são baixas confirmadas para os arsenalistas. O Benfica não terá qualquer representante na competição.

Na II Liga, sete jogadores também se despedem momentaneamente da competição nacional, na Liga 3 há mais quatro jogadores e no Campeonato de Portugal há apenas um atleta que ruma à Costa do Marfim para disputar o torneio.

As seleções favoritas

Marrocos apresenta-se como um dos principais favoritos a vencer a competição, assim como o campeão Senegal e o Egito, de Rui Vitória, recordista de títulos.

Além dos suspeitos do costume, numa lista a que se juntam ainda a Nigéria, de José Peseiro, Camarões e Gana, a 34.ª edição será a mais lusófona de sempre, com a presença inédita de quatro seleções: Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e Angola estão entre as 24 presentes.

As dez principais ausências

Eis os 10 nomes mais sonantes que não vão participar na edição 2024 da Taça das Confederações Africanas.

'Pokou', muito mais do que uma bola

CAN 2023
'Pokou': A história da bola de mais uma edição da Taça das Nações Africanas créditos: @CAF

A bola chama-se 'Pokou', nome do lendário avançado ivoiriense (Costa do Marfim), Laurent Pokou, um verdadeiro clássico do futebol africano.

O antigo atleta foi, por exemplo, autor dos cinco golos históricos dos 6-1 frente à Etiópia, na edição de 1970 da CAN. Um recorde de golos num só jogo que se tem mantido inquebrável na história do torneio.

Os estádios

A Federação de Futebol da Costa do Marfim e a Confederação Africana de Futebol escolheram cinco cidades-sede: Abidjan, Bouaké, Yamoussoukro, San Pedro e Korhogo. Ao todo, serão 6 os estádios que recebem o torneio africano.

Stade Laurent Pokou (20 mil espectadores), Stade Charles Konan Banny (20 mil espectadores), Stade de la Paix (40 mil espectadores), Felix Houphouet-Boigny Stadium (29 mil espectadores) e o Alassane Ouattara Stadium.

Este último, situado numa zona económica da cidade de Abidjan, é o escolhido para o jogo abertura e de encerramento desta edição do torneio. Tem capacidade para 60 mil pessoas.

Alassane Ouattara Stadium
Estádio onde se vai realizar a cerimónia de abertura e encerramento da CAN 2023 créditos: AFP or licensors

Valor do prémio para o vencedor

O vencedor da Taça das Nações Africanas vai receber um prémio recorde de sete milhões de dólares, cerca de 6,4 milhões de euros.

O valor representa mais 40% em relação ao que ganhou o Senegal pela vitória na edição de 2022, que teve lugar nos Camarões.

O finalista derrotado desta edição, que decorrerá de 13 de janeiro a 11 de fevereiro, na Costa do Marfim, receberá quatro milhões de dólares e os semifinalistas derrotados 2,5 milhões cada um.

Por fim, certamente terá na sua memória o quão colorida é a festa nas bancadas em todos os jogos da Taça das Nações Africanas. Recorde os melhores momentos do público, na última edição, com esta fantástica galeria.