Depois de ter visto recusada a proposta para a compra do Estádio José Gomes por parte do administrador judicial, durante o leilão que decorreu na manhã de quinta-feira, a SAD do Estrela da Amadora reagiu e garantiu que irá impugnar decisão se a proposta não for levada a assembleia magna com presença dos investidores.
Em declarações ao SAPO Desporto, André Geraldes, Presidente da SAD do clube, afirma que o Estrela seguirá para os tribunais caso não seja convocada agora uma assembleia geral, conforme previsto na lei.
"A SAD do Estrela da Amadora considera que se não for convocada uma assembleia geral onde devem estar presentes os 5 membros da comissão de credores, bem como os interessados na compra, está a ser cometida uma ilegalidade que será combatida em tribunal nos próximos anos", afirma o dirigente.
"Os nossos representantes legais não vão mais largar este tema. Estamos a analisar as próximas medidas a tomar e qualquer passo em falso será alvo de processo crime, devendo ser afastado do processo quem tiver que se ser afastado", acrescenta André Geraldes.
Segundo o gestor de insolvência, Jorge Calvete, a proposta foi recusada uma vez que ficou abaixo dos 3,1 milhões de euros (valor indicado nas condições de venda). Para André Geraldes, cabia a Jorge Cavalete ter como principal interesse minimizar o problema dos credores.
Assim, o clube da Amadora, que atualmente luta pela subida ao segundo escalão do futebol português, irá dar entrada a uma providência cautelar para cancelar, no imediato, a ordem de despejo. "Esperemos que este tema seja resolvido rapidamente, se não teremos um problema com vários anos de batalhas jurídicas, quando o interesse dos investidores - e, acreditamos, também do Sr. Jorge Calvete - é o de resolver este problema", sublinha André Geraldes.
O dirigente da SAD do Estrela afirma-se mesmo certo de que a proposta do Estrela não terá sido recusada pela comissão de credores. "Temos a garantia, que nos foi dada pelo próprio, que o presidente da comissão de credores não recusou a proposta, como diz a acta da reunião, e que remeteu para apreciação em reunião formal", frisa.
André Geraldes destaca ainda a importância que o Estrela tem para uma cidade tão populosa como a da Amadora. "Não queremos acreditar nem sequer consideramos que exista um braço de ferro de alguém contra uma cidade de 170 mil habitantes que só quer ver o seu clube representado no país do futebol", referiu, antes de deixar um alerta, caso o clube não consiga completar a aquisição do estádio. "Podemos e temos outras soluções. No entanto, não queríamos que as pessoas passassem pelo problema de ver o seu clube num concelho vizinho", diz.
A fechar, André Geraldes lembra quem possa estar a pensar em fazer outro tipo de negócios com uma eventual compra do Estádio José Gomes que aquele local tem de ter como fim a prática do futebol. "Ao contrário do que querem fazer passar, e para que fique claro para quem quer comprar o estádio a pensar que vai construir ali prédios ou supermercados: impossível. Temos um documento oficial da Câmara Municipal, que é taxativa a dizer que no José Gomes 'só futebol'", termina.
Proposta de 2 milhões de euros do Estrela foi a única apresentada
Segundo da ata do leilão, apenas houve uma proposta, de dois milhões de euros, por parte da SAD do Estrela da Amadora para a compra do Estádio José Gomes, a qual acabou por não ser aceite.
"Uma vez que a proposta recebida é inferior ao valor indicado nas condições de venda, ou seja 3,1 milhões de euros pronunciou-se o sr. administrador judicial no sentido de não aceitar a mesma, tendo procedido à imediata devolução dos cheques entregues com a proposta. Posição que foi acompanhada pelo presidente da comissão de credores e pelos credores presentes nesta diligência. Não obstante irá o sr. administrador da insolvência dar conhecimento da proposta à ilustre comissão de credores", pode ler-se na ata, citada pela agência Lusa.
Recorde-se que, depois de acumular dívidas superiores a 36 milhões de euros, o Estrela da Amadora foi declarado insolvente, em 2011, na sequência do chumbo dos mais de 200 credores, entre os quais o Estado, do plano de recuperação do clube.
O processo de venda do Estádio José Gomes, que incluiu também o campo de treinos e o edifício onde funciona o bingo, que está concessionado, encontra-se num impasse desde então, tendo já havido, em 2011 e 2013, duas outras tentativas de venda.
O clube renasceu, depois, sob a designação de Clube Desportivo Estrela, assumindo a História passada do Estrela da Amadora e vestindo o mesmo equipamento tricolor (vermelho, verde e branco) com o qual o emblema amadorense se notabilizou. Começou por disputar os campeonatos distritais da AF Lisboa mas, em 2020, graças a uma fusão com o Sintra Football, o clube teve oportunidade de disputar o Campeonato de Portugal, acabando por vencer a Série G e estando, agora, na fase final de discussão pela subida à II Liga.
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