A proposta da SAD do Estrela da Amadora para a compra do estádio José Gomes por dois milhões de euros foi recusada pelo administrador judicial, durante o leilão que decorreu na manhã de quinta-feira, disse o próprio à Lusa.

Segundo o administrador de insolvência Jorge Calvete, a proposta foi recusada tal como os dois cheques visados – um de 200 mil euros, à ordem da massa insolvente, e outro de 73,8 mil, à ordem da leiloeira – uma vez que a proposta apresentada ficou abaixo dos 3,1 milhões de euros (valor indicado nas condições de venda), apesar de no anúncio do leilão constar que o valor mínimo de venda é de 5,1 milhões.

Segundo da ata do leilão, confirma-se que hoje apenas houve uma proposta, a de dois milhões de euros por parte da SAD do Estrela da Amadora, e que a mesma não foi aceite.

“Uma vez que a proposta recebida é inferior ao valor indicado nas condições de venda, ou seja 3,1 milhões de euros pronunciou-se o sr. administrador judicial no sentido de não aceitar a mesma, tendo procedido à imediata devolução dos cheques entregues com a proposta. Posição que foi acompanhada pelo presidente da comissão de credores e pelos credores presentes nesta diligência. Não obstante irá o sr. administrador da insolvência dar conhecimento da proposta à ilustre comissão de credores”, lê-se na ata, a que a agência Lusa teve acesso.

Com base nesta última frase, a SAD do Estrela da Amadora, liderada por André Geraldes, considera que a proposta terá sido “admitida”, defendendo que é agora necessário a realização de uma reunião entre os membros da comissão de credores e que só com o aval destes é que será dada luz verde para a aquisição do Estádio José Gomes.

Contudo, legalmente, se a comissão de credores aceitar este valor (de dois milhões de euros), será necessário novo processo de venda cujo patamar mínimo baixaria dos atuais 3,1 milhões para dois, não sendo por isso taxativo que a SAD do Estrela da Amadora venha a ser detentora do Estádio José Gomes no imediato.

Caso ocorra este novo processo de venda, e perante a possibilidade de ter de ombrear com novas propostas, fonte da SAD do Estrela da Amadora admitiu impugnar a decisão.

“A SAD do Estrela da Amadora entende que esta proposta tem de ser já discutida em comissão de credores pois foi admitida pelo administrador de insolvência no processo. Como tal, e fazendo cumprir o que foi definido entendemos que a proposta tem de ser discutida cara a cara. Se isso não acontecer todos os mecanismos legais serão espoletados para impugnar todas as decisões”, afirmou André Geraldes.

Em declarações à Lusa, o administrador da SAD do emblema da Amadora reiterou esta intenção.

“Não vamos admitir que existam mais jogos de bastidores nem que para isso recorramos à destituição de quem está a fazer este boicote. A Câmara Municipal já disse que não há alteração de PDM e temos esse e-mail na nossa posse, no estádio José Gomes não há ninguém que o vá comprar para fazer mais nada a não ser jogar futebol. Escusam de andar a dizer que dá porque não dá. Não vamos permitir que interesses pessoais alterem isto. E agora vamos até as últimas consequências confiando que os credores terão a palavra e decidirão bem para benefício deles”, rematou.

Depois de acumular dívidas superiores a 36 milhões de euros, o Estrela da Amadora foi declarado insolvente, em 2011, na sequência do chumbo dos mais de 200 credores, entre os quais o Estado, no plano de recuperação do clube.

O processo de venda do Estádio José Gomes, que incluiu também o campo de treinos e o edifício onde funciona o bingo, que está concessionado, tem estado num impasse desde então, embora entre 2011 e 2013 tenha havido, sem sucesso, duas tentativas de venda.