O selecionador português de futebol feminino, Francisco Neto, espera que as suas jogadoras ‘limpem’ as derrotas com a Espanha na fase de qualificação e encarem o novo jogo sem o peso da estatística.

“Temos de ‘limpar’, não temos outra hipótese, como é lógico respeitamos, pelo valor que [a Espanha] tem, os jogos já foram há algum tempo, nós evoluímos, crescemos, a Espanha, como é lógico, também evoluiu e cresceu e nunca há dois jogos iguais”, disse o selecionador, em entrevista à agência Lusa.

Na fase de apuramento, na qual a equipa das ‘quinas’ acabaria por conseguir o apuramento na vaga do ‘play-off’, com a Roménia (0-0, 1-1), a Espanha venceu Portugal nos dois jogos do grupo, com 2-0 em Badajoz e 4-1 na Covilhã.

O técnico admite que as jogadoras poderão “estar ligeiramente ansiosas” até começar o jogo, mas que a partir do momento em que a bola começar a ‘rolar’ tudo mudará: “temos que estar concentrados (...) só assim poderemos estar mais próximos de um bom resultado contra a Espanha”.

Com o duelo ibérico à espreita, na quarta-feira, no Stadion De Vijverberg, em Doetinchem (17:00 em Lisboa), Francisco Neto tem ideia das palavras que dirá às suas jogadoras, num momento histórico para seleção feminina.

“De certeza absoluta que lhes irei dizer para desfrutarem do momento, que sejam alegres, que tenham orgulho no percurso, que tenham orgulho nelas e que iremos pelo nosso país fazer o melhor, mas acima de tudo que desfrutem do momento”, revelou.

É um cenário que não se compadeça com medos: “têm de fazer aquilo que trabalhámos e que não tenham medo de o fazer, e de certeza absoluta que não”.

Os números mostram, no entanto, ainda grandes diferenças no futebol feminino espanhol e português, com a Espanha a tirar dividendos de uma geração que nos últimos anos foi várias vezes vice-campeã de sub-17 e sub-19.

“Neste momento é uma das grandes potências a emergir no futebol europeu e acredito que vão fazer um bom europeu, mas esperemos que contra Portugal não”, assinalou o treinador português, lembrando que o conjunto de Jorge Vilda foi o que teve melhor desempenho no apuramento.

Para a competição na Holanda, o selecionador espanhol prescindiu de nomes como Vero Boquete (Paris Saint-Germain) ou Sonia Bermudez (Atlético Madrid), a segunda melhor marcada da Liga espanhola, num grupo maioritariamente formado por jogadoras do campeão Atlético Madrid e do vice-campeão FC Barcelona.