Há muito que os rumores sobre a agora anunciada Superliga Europeia ecoavam pelo mundo do futebol, com os grandes clubes europeus desejosos de verem as receitas financeiras aumentarem com uma competição mais apelativa e com mais jogos, segundo eles.

Um dos primeiros a falar sobre essa possibilidade, terá sido Arsène Wenger (antigo treinador do Arsenal, clube que agora figura entre os fundadores da polémica competição)...há cerca de dez anos.

Por essa altura, o técnico francês afirmava que dificilmente os principais clubes europeus ficariam saciados com a Champions League durante muito mais tempo. Apesar de referir, na altura, que nada tinha contra o atual formato da principal prova de clubes da UEFA, Wenger garantiu - e, contata-se agora, estava certo - que chegaria uma altura em que acabaria por ser criada uma competição de elite mais 'restrita'.

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"Vejo cada vez mais a perspetiva de se vir a desenvolver uma Liga Europeia ao longo do tempo, mais do que apenas uma equipa de um país rumar a outra Liga de outro paós", referiu Wenger, quando questionado sobre a possibilidade de os escoceses do Celtic ou do Rangers virem a integrar a Premier League inglesa. "As Ligas nacionais dos vários países vão sobreviver, mas talvez dentro de dez anos venhamos a ter uma Liga Europeia" afirmou...há mais de 12 anos.

"Claro que não o posso afirmar com 100% de certeza, mas sinto que dentro do futebol há algumas vozes a mexerem-se nos bastidores para levar a cabo esta ideia, especialmente se virem as regras da UEFA tornarem-se demasiado restritivas para os principais clubes", alertou. E, pelos vistos, estava certo...

A preocupação de Wenger era já que a tal Liga Europeia que preconizava acabasse - como agora se confirma - por vir a ser criada por um cartel elite que quebrasse a justa divisão dos dinheiros gerados pelo futebol e não fosse construída com base num sistema de mérito.

"Pessoalmente, só acredito no mérito desportivo. Por isso, se tal Liga vier a ser criada, terá de ter subidas e descidas de divisão, embora isso seja muito difícil de concretizar e não queremos que tal signifique o fim dos campeonatos nacionais. As equipas teriam de disputar esta Liga Europeia a meio da semana e os respetivos campeonatos nacionais ao fim de semana. Isso implicaria que todos estes clubes tivessem, na prática, duas equipas", sublinhou então.

Mas Wenger via mesmo isso como uma inevitabilidade, olhando para as questões financeiras. "O rumo financeiro que as coisas estão a tomar é de que nem o dinheiro oriundo da Champions League chegue para alguns clubes, porque estão a gastar demasiado dinheiro e assim estes ficarão gradualmente mais descontentes por verem os lucros seguirem para a UEFA e esta distribuí-los por diferentes clubes", alertou na altura. Algo que, mais de dez anos depois, se vem mesmo a confirmar.