O futebol português deve ser “mais eficiente” na gestão “absolutamente crítica” dos jovens talentos, considerou hoje o diretor de marketing da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), preocupado em “não desperdiçar ninguém”.
“Temos 200 mil futebolistas numa população de 10 milhões. Há que ser mais eficientes com o talento disponível. O tremendo trabalho da FPF é investir no desenvolvimento dos atletas, quer seja em infraestrutura, tecnologia ou conhecimento”, realçou Nuno Moura, durante a sessão digital “Pioneiros do futebol moderno” da Web Summit 2020.
Portugal tem registado “sucesso em todos os formatos e faixas etárias”, como expressam as conquistas de três Europeus seniores nos últimos quatro anos, além dos triunfos na Liga das Nações de futebol e no Mundial de futebol de praia, ambos em 2019.
“Precisamos de alimentar o talento e trabalhar com mais inteligência para superar outros países maiores. Isso é a chave para manter o crescimento destes talentos fantásticos e estas novas gerações a subirem na hierarquia. Isso mostra-nos que o futuro pode ser brilhante, mas precisamos de estar largamente à frente do jogo”, recomendou.
Essa ambição resultou num “grande investimento” em prol da Cidade do Futebol, em Oeiras, inaugurada em 2016, um ano antes da Portugal Football School, que dinamiza oferta formativa e projetos de investigação em torno de futebol, futsal e futebol de praia.
“Se 2% dos jogadores atingem grande sucesso, há centenas de jogadores que não chegam a ser futebolistas. Fomos a primeira federação a lançar uma universidade e queremos educar o ecossistema do futebol. Eles sabem que precisam de educação e temos de criar condições para que desenvolvam outras atividades”, frisou Nuno Moura.
Na relação com os jovens cresce a utilização de jogos eletrónicos, vulgarizados como ‘esports’, nicho em que a FPF desenvolve formatos competitivos desde 2017 para impulsionar “a interação com uma comunidade muito grande apaixonada pelo jogo”.
“Temos quase 300 clubes registados na base federativa e 30 mil jogadores inscritos que evoluem numa base regular. Trata-se de um projeto-chave. Havia lacunas competitivas entre os jovens e quisemos dar essas oportunidades. Na nossa visão, esta área funciona mais como um complemento do que um competidor do futebol tradicional”, analisou.
Aficionado por videojogos é o avançado internacional português Diogo Jota, que se sagrou em abril campeão do ePremier League Invitational, torneio digital da franquia FIFA disputado por futebolistas do escalão principal do futebol inglês.
“Tenm sido uma das minhas paixões desde que o meu pai ofereceu a primeira consola. Sempre gostei de jogos em que consigo gerir a minha própria equipa. No mundo dos desportos eletrónicos, sinto que posso ter três coisas juntas: a minha paixão pelo futebol, a competição de jogar contra outras pessoas e também a gestão de equipas”, enalteceu.
O dianteiro, de 23 anos, jogava pelo Wolverhampton quando derrotou Trent Alexander-Arnold, atual colega de equipa no campeão inglês Liverpool, por 2-1, numa iniciativa a sensibilizar os adeptos para permanecerem em casa durante a pandemia de covid-19.
“Pode ser uma coisa profissional, mas para mim, durante minha vida, foi um passatempo. Tenho muito tempo livre e a quarentena fez todos nós pensarmos. Comecei a olhar para os jogadores profissionais de ‘esports’ e quis aprender com eles. O Arnold deve estar em busca de vingança, mas veremos o que acontece no nosso próximo jogo”, gracejou.
Numa conversa mediada pelo jornalista James Pearce, do portal britânico ‘The Athletic’, Diogo Jota elegeu o videojogo Football Manager como “o melhor”, na certeza de que encontrará “projetos interessantes” para comandar na recém-lançada versão de 2020.
A Web Summit, considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, decorre este ano totalmente ‘online’, entre hoje e sexta-feira, e conta com “um público estimado de 100 mil” pessoas, depois de se ter começado a realizar há quatro anos em Lisboa.
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