O PS considerou hoje "incompreensível" a "mediatização" em torno da candidatura da deputada socialista Cláudia Santos à presidência do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), salientando que não apresenta qualquer questão de incompatibilidade.
Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo vice-presidente da bancada socialista Pedro Delgado Alves, depois de o antigo presidente do PSD Luís Marques Mendes, no seu espaço habitual de comentário na SIC, no domingo, ter criticado a promiscuidade entre política e futebol que disse estar patente nessa candidatura da deputada do PS Cláudia Santos.
Pedro Delgado Alves defendeu que, nessa candidatura, "é evidente a ausência de qualquer incompatibilidade" para o exercício do cargo de deputada por parte de Cláudia Santos, já que se trata "de um órgão de uma associação de direito privado", acrescentando neste ponto, ainda, que "não é uma função remunerada".
"Ainda assim, a deputada Cláudia Santos fez um pedido de parecer que a XIV Comissão [de Transparência e Estatuto dos Deputados] já teve a oportunidade de avaliar, tendo sido uma questão pacífica. Nem sequer é caso único. Há outros casos de deputados que integram órgãos sociais de federações ou associações desportivas" observou o dirigente do Grupo Parlamentar do PS.
Porém, Pedro Delgado Alves apontou que o caso em torno de Cláudia Santos "foi alvo de uma grande mediatização, mas é incompreensível".
"Sabemos que o futebol é sempre das atividades que mais paixões e clubismo suscita. Portanto, há sempre alguém descontente com esta ou aquela opção. Infelizmente, nesse universo, é uma inevitabilidade", observou.
O "vice" da bancada socialista, no entanto, entende que não se "pode partir daí para se dizer que há promiscuidade", alegando que Cláudia Santos, deputada eleita por Aveiro, "vem do mundo académico, tem curriculum na área - desempenhou funções parecidas na Liga de Clubes - e é uma especialista em Direito Penal".
"Se alguma coisa pode trazer é o inverso, ou seja, Cláudia Santos é alguém de fora, com garantias de isenção, não ligada ao meandro habitual de dirigentes, assumindo funções num órgão disciplinar", sustentou o antigo líder da JS.
Questionado sobre a existência de uma questão de ordem ética para que este tipo de funções não seja exercido por um deputado, Pedro Delgado Alves advogou que a lei das incompatibilidades e impedimentos "é clara e foi alargada", deixando em seguida uma pergunta.
"Eticamente qual é a questão que se pode colocar para alguém que está a cumprir a lei, que está a exercer uma função que é perfeitamente lícita e que exerce o quadro das suas competências profissionais e académicas na área do Direito Penal? Não há qualquer confusão entre dois universos", reforçou Pedro Delgado Alves.
Pedro Delgado Alves apontou ainda que, no caso de Cláudia Santos, não há igualmente "qualquer risco de conflito de interesses".
"A deputada Cláudia Santos é membro da I Comissão [de Assuntos Constitucionais] e não faz parte da Comissão que acompanha a matéria do desporto, que está na Comissão de Educação", argumentou.
Já sobre o facto de ex-responsáveis do futebol português terem associado Cláudia Santos ao Benfica do ponto de vista clubístico, o vice-presidente da bancada socialista reagiu: "Essas ligações estão por demonstrar".
"A meia dúzia de coisas que são lidas é deste que está ligado àquele ou àquele outro. Mas isso traduz-se no quê, se não em suposições que circulam nas redes sociais?", questionou o dirigente da bancada socialista.
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