O futebol vai precisar de “encontrar alternativas” para reter praticantes após a pandemia de covid-19, admitiu hoje o diretor da Federação (FPF), José Couceiro, numa conferência online organizada pela Câmara de Matosinhos.
Num painel subordinado ao futuro do desporto, o antigo treinador lembrou que o escalão sub-19 “vai fazer duas épocas sem concluir as suas competições” e que esses jovens são “os próximos jogadores que estarão no escalão sénior” para alertar para os problemas da paragem competitiva no desporto de formação.
“Se já tínhamos dificuldades na retenção de jogadores nesta fase de passagem para os seniores, mais teremos com as condições que existem nesta altura. Portanto, temos de encontrar alternativas para que possamos reter o maior número de praticantes”, assumiu.
A preocupação do vice-presidente da FPF foi, de resto, corroborada por outros elementos do painel, como o presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, Manuel Fernandes, que considerou que “este é um problema gravíssimo”, ou o seu homólogo do andebol, modalidade que está a realizar uma boa campanha no Campeonato do Mundo, que decorre no Egito.
“Nenhum dos jogadores que está no Mundial teve uma paragem competitiva de dois anos durante a sua formação”, especificou Miguel Laranjeiro.
Os vários dirigentes, onde se incluía também o líder da Federação de voleibol, Vicente Araújo, foram também unânimes a apontar a “falta de cultura desportiva” existente em Portugal e consideraram a crise da pandemia de covid-19 como “uma oportunidade” para começar a alterar essa realidade.
“As alterações dessa natureza fazem-se através de um processo educativo e não impositivo, de leis e decretos. A mudança [necessária] é claramente cultural e temos de aproveitar esta crise também como oportunidade para dar continuidade a um processo de maios sensibilização para a importância do desporto”, resumiu José Couceiro.
Também presente no debate, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto assumiu que a ausência de competição nos escalões de formação das modalidades coletivas “tem consequências muito graves”, tanto do ponto de vista desportivo como financeiro, mas apelou a “uma atitude muito responsável” por parte de todos os agentes desportivos na gestão da pandemia.
“Depende de todos nós o controlo da pandemia e o regresso dos escalões mais jovens. Não querendo desvalorizar, estou convencido que a retoma desses escalões vai resolver muitas das nossas preocupações e contribuir muito para a recuperação financeira dos clubes de base local”, comentou João Paulo Rebelo.
As competições dos escalões de formação de todas as modalidades coletivas estão interrompidas desde março de 2020, quando o governo adotou as primeiras medidas de combate à pandemia de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.075.698 mortos resultantes de mais de 96,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.686 pessoas dos 595.149 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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