César Boaventura, empresário de futebol, foi detido esta quarta-feira por alegados crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento no âmbito da operação 'Malapata', de acordo com notícia adiantada por vários órgãos de comunicação social.

De acordo com a CMTV, a PJ está a investigar os negócios de Vlachodimos, Lisandro López, Nuno Tavares e Gedson Fernandes, intermediados por César Boaventura. De recordar que, no caso de Nuno Tavares, César Boaventura entrou recentemente com uma ação em tribunal contra o Benfica, reclamando 800 mil euros que não lhe terão ido pagos, escreve o 'Record', pela intermediação do negócio do lateral esquerdo para o Arsenal.

Foram detidas ainda mais duas pessoas, entre os quais um empresário ligado ao setor metalúrgico.

A Polícia Judiciária confirmou em comunicado que fez 28 buscas domiciliárias e não domiciliárias, nos concelhos de Barcelos, Braga, Esposende, Trofa, Vila Nova de Famalicão, Funchal, Benavente e Lisboa.

A Polícia Judiciária realizou ainda buscas nas instalações de Benfica e Sporting também a propósito da mesma operação.

O Sporting confirmou em comunicado que foram realizadas buscas no Estádio José Alvalade, sublinhando o clube verde e branco que a "Sporting SAD e o Clube não são alvo da investigação, directa ou indirectamente" e que "não têm qualquer relação com o investigado, nem são visados na matéria das buscas".

Também o "Sport Lisboa e Benfica confirma que está a colaborar com as autoridades nas diligências realizadas ao longo do dia de hoje no âmbito de um processo que se encontra em segredo de justiça. O clube da Luz sublinha que "O Sport Lisboa e Benfica não é arguido ou sequer visado neste processo, nem qualquer membro dos seus órgãos sociais".

Leia o comunicado do Sporting na íntegra

"A Sporting Clube de Portugal - Futebol, SAD (Sporting SAD) informa que esta manhã realizaram-se buscas no Estádio José Alvalade. A Sporting SAD e o Clube não são alvo da investigação, directa ou indirectamente, não têm qualquer relação com o investigado, nem são visados na matéria das buscas.

Mais informamos que tudo decorreu de forma célere, tendo a Sporting SAD entregue os documentos que lhe foram solicitados.

A Sporting SAD rege-se por uma conduta exemplar e de estricto cumprimento da Lei, prezando o seu bom nome e integridade. Como tal, não pode deixar de manifestar a sua enorme surpresa dada a assumida inexistência de relação da Sociedade e Clube nas buscas em causa.

Sem prejuízo, a Sporting SAD colaborará, como sempre, com as autoridades no que for necessário na luta por um futebol e desporto mais transparente em Portugal.

A Sporting SAD espera que a investigação decorra com o maior sucesso na identificação e respectivas consequências a todos os intervenientes e instituições que estão directa ou indirectamente de facto envolvidos na mesma", pode ler-se.

Em comunicado, a Polícia Judiciária fala em negócios superiores a 70 milhões de euros.

Comunicado da PJ

"A Polícia Judiciária, através da Diretoria do Norte, com o apoio dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga e Madeira e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática, no âmbito de um inquérito titulado pelo Ministério Público – DIAP Porto, desenvolvido em equipa mista com a Autoridade Tributária e Aduaneira – Direção de Finanças do Porto, realizou uma operação policial para cumprimento de mandados de detenção e de buscas domiciliárias e não domiciliárias, pela presumível prática dos crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento.

Na sequência das 28 buscas domiciliárias e não domiciliárias, realizadas nos concelhos de Barcelos, Braga, Esposende, Trofa, Vila Nova de Famalicão, Funchal, Benavente e Lisboa foram detidos três indivíduos, entre os quais um empresário do sector metalúrgico e um empresário ligado à atividade desportiva, fortemente indiciados pelos referidos crimes.

Através do exercício de atividade comercial fictícia de sociedades geridas pelos suspeitos, assim como de correspondentes contas bancárias tituladas por terceiros (pessoas individuais e coletivas), em território nacional e no estrangeiro, aqueles lograram criar um intrincado esquema de faturação / movimentação financeira que ofereciam tanto como veículo de branqueamento para terceiros, prestando assim esse serviço ilícito pelo qual seriam remunerados, como para ocultação dos proveitos gerados da própria atividade legítima dos próprios e de terceiros, nos sectores indicados.

Existindo ainda uma avaliação parcial da estrutura em causa, foram até ao momento identificados movimentos financeiros, em diversas plataformas, num montante superior a € 70.000.000 (setenta milhões de euros).

A vantagem patrimonial em sede fiscal, estimada, associada ao principal visado, atinge o montante de 1,5 milhões de euros, apenas com base em elementos já confirmados.

A operação policial envolveu inspetores e peritos da Policia Judiciária, contando ainda com a participação de elementos da Autoridade Tributária.

No decurso da operação policial, foi apreendida documentação diversa relativa à prática dos factos, diversas viaturas automóveis e material informático.

Os detidos vão ser presentes à competente autoridade judiciária para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas."

*Notícia atualizada