Luís Reforço, árbitro da Associação de Futebol de Setúbal, foi detido pela Polícia de Segurança Pública na noite desta segunda-feira na sequência de uma investigação a funcionários da Autoridade Tributária que trabalham no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, numa operação realizada nos distritos de Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal e nos Açores. O árbitro de categoria C2, foi detido juntamente com 13 funcionários da Autoridade Tributária suspeitos de peculato e falsificação de documentos.

Luís Reforço e os demais suspeitos "facilitavam a entrega e chegada de objetos", que eram retidos e dados como perdidos e não era reclamados. Os objetos eram posteriormente revendidos ou usados em benefício próprio, de acordo com o Comandante Operacional da Divisão Criminal de Lisboa, Nuno Pereira. Na operação, a PSP descobriu "centenas de objetos" como computadores, telemóveis, relógios e outros objetos pessoais desviados por via do esquema ilícito, mas também três armas de fogo e uma de pressão de ar não legalizadas.

O árbitro Luís Reforço ficou conhecido esta época, depois de apitar o Torreense 2-1 Anadia, da 25.ª jornada da Série C do Campeonato de Portugal, onde foi o grande protagnosita. Nesse encontro, o juiz de 45 anos assinalou uma grande penalidade contra o Anadia aos 65 minutos, quando a equipa da casa perdia por 1-0. No vídeo disponibilizado pelo Anadia, da transmissão do jogo, não é possível ver falta no lance.

O juiz mandou repetir a grande penalidade por três vezes até a bola entrar na baliza do Anadia: na primeira ocasião, Evaldo atirou ao lado mas o árbitro mandou repetir por suposta invasão de área. Na segunda repetição, o guarda-redes Alexandre Verdade defendeu o remate de Evaldo mas Luís Reforço voltou a mandar repetir a grande penalidade por nova invasão de área (que aconteceu mas o primeiro a faze-lo foi um jogador do Torreense). Desta vez foi Marcus Júnior a marcar e a converter, fazendo o empate na altura. O Anadia jogava com nove, após as expulsões de Tiago Borges (duplo amarelo) aos 54 e Michael dos Santos (vermelho direto aos 66). O Torreense ainda haveria de marcar outra vez e chegar à vitória por 2-1.

As imagens do jogo rapidamente tornaram-se virais. Depois de tomar conhecimento da atuação do juiz, o Conselho de Arbitragem da FPF decidiu suspender, de imediato, o árbitro.

Na altura o presidente da Anadia mostrou a sua revolta com a atuação de Luís Reforço.

"O que se passou ali é que havia um doido dentro de campo. Já pedimos uma reunião ao Conselho de Arbitragem da FPF. Pretendemos que os nossos jogadores sejam despenalizados. Trata-se de um árbitro que nunca devia ter sido. Se tem a ver com o Anadia? Julgo que não, mas hoje em dia ouve-se falar tanto em apostas...", comentou Vasco Oliveira, em declarações Ao jornal 'Record', frisando que no final do encontro os jogadores do Anadia estavam a chorar, revoltados e frustrados e que só não saíram de campo porque o treinador não deixou.

Esse foi o último apitado por Luís Reforço. Esta época, o juiz da Associação de Futebol de Setúbal tinha apitado outros quatro jogos, todos jogos do Campeonato de Portugal: Aljustrelense 1-3 Oriental, o Marítimo B 1-1 Vitória de Guimarães B, o Real SC 3-0 Armacenenses e o Esperança de Lagos 0-1 Sintrense.