A recolha das estatísticas dos jogadores de basebol revolucionou a modalidade, permitindo utilizar novas técnicas de recrutamento, observação de talentos e até medições nos comportamentos dos atletas. Mas foi preciso esperar muitos anos até que as empresas adaptassem o conceito aos eSports, sobretudo jogos mais estratégicos como o Dota 2, LoL e StarCraft. E várias empresas têm utilizado tecnologia e sistemas de inteligência artificial para recolher os dados estatísticos de tudo o que acontece nas partidas, como a IBM, Microsoft e a SAP, para salientar algumas.
E essas estatísticas têm sido utilizadas não só para alimentar ferramentas técnicas na gestão das equipas, como as próprias têm sido integradas nas transmissões, que durante o espetáculo vai salientando curiosidades, performance e outros dados em prol do entretenimento. Os dados permitem antecipar, estatisticamente comportamentos, probabilidades nas partidas e fomenta a discussão entre os fervorosos fãs dos respetivos jogos.
Segundo o Esports Observer, as estatísticas são cada vez mais elaboradas e recolhidas das ações que possam parecer mais banais nos respetivos jogos. Os movimentos dos jogadores nos mapas, a forma como superam os obstáculos, o posicionamento estratégico nas diferentes zonas, as distâncias que podem mexer com o seu tempo de reação de resposta aos adversários...
Também é dado o exemplo de que mesmo os jogos de estratégia mais complexos, como StarCraft II, com centenas de unidades a mexerem-se no mapa, há toda uma priorização necessária em todos os movimentos. E mesmo que a partida necessite de respostas dinâmicas e improvisadas dos jogadores, em tempo real, há programas que medem as decisões e respetivas variáveis. Isso leva também a analisar, em determinado mapa, quais são as personagens mais escolhidas, e a percentagem de vitórias de cada uma.
Os jogos que requerem a gestão de economia, tais como CS: GO e Dota 2, com impacto direto na performance dos jogadores, também são documentados, podendo depois ser analisados para efeitos de otimização. E um dos pesadelos dos jogadores é verem os seus títulos modificados constantemente de forma regular, obrigando as equipas a adaptarem-se constantemente, tanto às novas regras e mecânicas, como as alterações de estratégias associadas. E mesmo as empresas necessitam de olhar para as notas das patches, compreender as alterações aos jogos e adaptar às suas soluções.
Com os milhares de jogos gerados a partir de torneios espalhados pelo mundo, o negócio em torno das estatísticas é bem mais profundo e complexo que à partida se poderia imaginar. O grande problema é ler esses dados, de forma coletiva ou individual, ao ponto de saber quantas mortes executou num determinado dia, com uma personagem especifica, etc.
É uma indústria cada vez mais rentável, e não foi por acaso que a SAP, uma das maiores especialistas mundiais a trabalhar Big Data, decidiu no ano passado patrocinar a Team Liquid, enquanto afinava a sua ferramenta para analisar a performance dos jogadores.
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