Vítor Pataco assegurou hoje à agência Lusa que a sua saída da presidência do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) era desejada, porque não queria renovar o mandato, e clara, por já estar acertada com as tutelas.

“Sinceramente, para mim, é um assunto absolutamente claro desde antes de julho, porque, na verdade, já tinha comunicado a ambas as tutelas que não queria renovar o meu mandato e, portanto, coloquei o meu lugar à disposição. Tive uma conversa com ambos os ministros que, muito simpaticamente, fizeram até um elogio ao trabalho do IPDJ e pediram-me para ficar até encontrarem uma solução”, afirmou Vítor Pataco, em declarações à Lusa.

Em despacho publicado na terça-feira em Diário da República, com efeitos a partir de hoje, o Governo anunciou a dissolução do conselho diretivo do IPDJ, fazendo cessar os mandatos da vice-presidente Selene Martinho e da vogal Sílvia Vermelho, que só terminavam em 2026, confirmando ainda a saída de Vítor Pataco e do também vogal Carlos Manuel Pereira, cuja vigência também terminou no passado dia 02.

“No meu caso, não há exoneração do mandato, porque, eu próprio, já tinha manifestado intenção de disponibilizar o lugar – eu, genuinamente, acho que é importante haver alternância – e foram seis anos nesta função, mais dois como vice-presidente. Portanto, no final do dia, estou há cerca de oito anos na direção do IPDJ”, sublinhou.

Nas mesmas declarações, Vítor Pataco recordou os contextos difíceis com que se foi deparando no cargo, como com a pandemia de covid-19 e com as guerras na Ucrânia e, mais recentemente, em Gaza, realçando o “muito orgulho” pelo seu desempenho.

Distintas são as situações de Selene Martinho e Sílvia Vermelho, que, com a intenção governamental de “renovar todo o conselho diretivo”, acabam por sair da liderança do IPDJ, constituindo “a única novidade deste despacho”.

Em jeito de balanço, Pataco recordou, no plano do desporto, os programas criados para a reabilitação de instalações desportivas, para a participação de eventos, a regulamentação do plano nacional de formação de treinadores e para o combate ao flagelo da inatividade física (SUAVA, Sistema Universal de Apoio à Vida Ativa) e ainda as parcerias com os comités olímpico e paralímpico.

“Eu não posso falar na primeira pessoa, mas tivemos o compromisso de executar a política pública nas áreas do desporto e da juventude. Eu saio bastante tranquilo e com a ideia de que quem vier tem a obrigação de fazer melhor, contando, naturalmente, com o meu apoio”, assegurou.

Questionado se esta dissolução decorre da duplicação de tutelas, uma vez que esteve sob a égide da Educação, primeiro, e, depois, sob os Assuntos Parlamentares, nos governos de António Costa, passando, agora, no Executivo de Luís Montenegro, a responder aos Ministérios dos Assuntos Parlamentares e da Juventude e Modernização, Pataco não soube responder.

“Essa é uma dúvida que todos tempos, mas tem de ser dirigida ao Governo. A dupla tutela é uma realidade e uma realidade nova”, rematou Pataco, que assumiu disponibilidade para estar “em gestão” até ao final de agosto, tendo ainda na agenda deslocações a Paris, para os Jogos Olímpicos e para os Jogos Paralímpicos, realçando que, “quando uma porta se fecha, outras se abrirão”.

A concluir, confrontado com a possibilidade de se candidatar à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP), foi taxativo: “Não, essa hipótese não está no meu horizonte”.

Pataco, que já tinha comunicado a sua saída aos funcionários do IPDJ, no início de junho, lidera o organismo público desde setembro de 2018, em regime de substituição do antecessor Augusto Baganha, de quem foi vice-presidente.

Antigo praticante de andebol e atletismo, Pataco, de 60 anos, é licenciado em Educação Física e mestre em Marketing, tendo, antes, sido coordenador do Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Oeiras, entre outros cargos ligados ao desporto, nos Municípios de Lisboa e Oeiras, e no extinto Instituto Nacional do Desporto, acumulando com a docência na UAL.