
Um subintendente da Polícia de Segurança Pública (PSP) afirmou hoje que o FC Porto não pediu policiamento no interior do pavilhão Dragão Arena, na Assembleia Geral (AG) de novembro de 2023, no âmbito da Operação Pretoriano.
Na 12.ª sessão do julgamento, no Tribunal de São João Novo, no Porto, a testemunha responsabilizou os órgãos sociais do emblema 'azul e branco' pela falta de ação policial no recinto, ao não terem convocado a intervenção da PSP, contrariamente ao que se havia verificado em assembleias anteriores.
"A nossa preocupação foi assegurar o policiamento no exterior. Não sugerimos polícia para o interior porque era um ato privado, esse pedido teria de partir do FC Porto. Penso que não seria da competência de Carlos Carvalho [chefe da segurança do clube] decidir isso, teria de vir da parte da administração", afirmou Pedro Filipe.
O polícia, responsável pela área operacional, explicou que foi obrigado a deslocar-se ao local quando a adesão à AG tomou uma escala maior e não foi em nenhuma circunstância avisado pelo clube da alteração do local da reunião magna, inicialmente prevista para o auditório do Estádio do Dragão.
"Eles mudaram de local pelo interior do estádio e, portanto, só me apercebi pelas declarações de André Villas-Boas à comunicação social. A assembleia começou quando ainda estavam mil pessoas na fila. Quando cheguei ao pavilhão, sem nunca ter entrado, vi algumas pessoas a relatarem ameaças e insultos", testemunhou.
Além disso, acusou o FC Porto de falta de planeamento face ao contexto em que se inseria a AG, de clima pré-eleitoral para o clube, e que, portanto, na sua avaliação prévia, iria ser sempre muito concorrida.
"Perguntei ao chefe de segurança no dia se tinha noção de que poderia não caber toda a gente no auditório. Disse-me que havia um plano B, o camarote presidencial, com capacidade para cerca de 700 pessoas. Para mim, nem o pavilhão poderia chegar", constatou.
Ao longo da tarde, depuseram vários outros sócios dos 'dragões' presentes no ato onde se iriam votar alterações estatutários do clube portista, todos eles pintando um cenário de intimidação e violência, à semelhança de diversos testemunhos das sessões anteriores.
"Mais do que até a violência, a imagem que mais me marcou foi ver aquelas pessoas, da direção, de perna cruzada, sem fazerem nada", expressou o associado Pedro Oliveira.
Ainda antes do fim dos trabalhos, a presidente do coletivo de juízes deu um parecer negativo ao requerimento da defesa dos arguidos 'Aleixo', no arranque da sessão, que pediam o afastamento de Henrique Ramos, assistente do processo, da sala de audiências e do tribunal, por alegadas ameaças à porta do tribunal.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.
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