O antigo futebolista do Benfica António Simões recordou hoje as facetas de "companheiro, sindicalista e treinador" de Artur Jorge, que morreu esta madrugada, aos 78 anos, e em quem reconheceu “um homem intelectualmente e culturalmente à frente”.
Fundadores do “terceiro sindicato em Portugal, em 1972”, juntamente com “Toni, Eusébio, Pedro Gomes, entre outros”, Simões recordou a escolha de Artur Jorge, que ele próprio ‘exigiu’ que fosse o primeiro presidente do organismo.
“Reconheci no Artur Jorge, porque era um homem intelectualmente e culturalmente à frente, que devia ser ele a pessoa indicada para presidir. Passados todos estes anos, acho que exigi como devia fazer, ou seja, reconhecer com humildade a sua superior capacidade, culturalmente, para ser o primeiro presidente”, recordou António Simões à agência Lusa.
Como “treinador de grande sucesso”, António Simões considerou que o percurso de Artur Jorge, “campeão europeu no FC Porto, campeão em França e, depois, selecionador nacional” traduz capacidades que “ainda hoje” são “válidas” para se ser treinador.
“É necessário ser intelectualmente e culturalmente forte, não chega perceber do jogo e do treino. É preciso também alguma intelectualidade no relacionamento com a sua profissão e o Artur Jorge tinha”, comentou.
De resto, já como jogador do Benfica, a partir de 1969, Artur Jorge “tornou-se num goleador que sabia ser jogador”, o que, depois, se “traduziu no grande treinador” que foi “um ídolo e até pioneiro na profissão”.
“Pioneiro, no sentido de conhecimento. E ainda hoje, nos tempos em que estamos, nada se alterou. Porque não chega ter conhecimento de treino, também é necessário saber ensinar. E o Artur Jorge já estava à frente sobre esse aspeto”, concluiu Simões.
Artur Jorge, antigo futebolista, morreu hoje, aos 78 anos, depois de uma carreira de mais de duas décadas como treinador, tendo conquistado a primeira Taça dos Campeões Europeus do FC Porto, ao serviço do qual se sagrou três vezes campeão nacional.
Conquistou ainda um título francês, pelo Paris Saint-Germain, e um saudita, pelo Al Hilal, como treinador, carreira pela qual enveredou depois de ter sido avançado, internacional em 16 ocasiões, com passagens por clubes como FC Porto, Académica, no qual conciliou a modalidade com o estudo de filologia germânica, Benfica, conquistando quatro títulos de campeão e duas Taças de Portugal, e Belenenses, antes de terminar nos norte-americanos do Rochester Lancers.
Foi ainda selecionador de Portugal, em duas ocasiões, Suíça e Camarões.
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