Em todas as épocas desportivas assistimos a alguns treinadores que tentam incutir uma nova dinâmica de encarar o jogo. Destaque para esta época de Leonardo Jardim, Costinha ou Jorge Jesus. Paulo Fonseca não. Porquê?
Nova época desportiva com novo treinador na equipa significa quase sempre que existirá uma tentativa de incutir uma nova dinâmica de jogo a essa mesma equipa. Uma nova dinâmica sobre o todo que é aquele conjunto e não apenas se altera do 4-4-2 para 4-3-3, por exemplo. Embora esteja tudo inter-relacionado, a dinâmica de uma equipa é a forma como a mesma se comporta para lá da tática e com o que se identifica em campo.
Se pretende ser mais ativa, dominadora, maior identidade individual ou coletiva. Aquilo que visto de fora, nos remete para uma ideia sobre aquela equipa. Acreditamos que todos os treinadores quando querem alterar a dinâmica da sua equipa consideram que vão melhorar. Mas falham no exercício se o caminho entre o estado onde se encontram até onde desejam chegar vai ser possível concretizar dependendo maioritariamente deles.
Paulo Fonseca chegou ao Porto e por muito que tente alterar os princípios táticos da equipa, eles têm de ser coerentes com aquilo que é a equipa azul e branca nos últimos anos. Seja quem joga, tem de ser agressiva, dominar, grande entrega e dedicação, espírito coletivo acima de tudo. Decisão que vem da estrutura e que provavelmente, o treinador quando entra já sabe que não pode alterar. Os últimos casos que não quiseram cumprir a bem essa orientação, mesmo campeões, acabaram por sair.
Leonardo Jardim e Costinha. Dois treinadores novos nas suas equipas. Leonardo Jardim, como já tinha referido, decidiu unificar os processos de grupo das equipas mais unidas. Cooperação, proximidade de jogadores, muita interajuda, maior capacidade de resposta ao erro individual. Bem! Não dará para tudo, mas dará certamente para muito melhor que um grupo desunido na procura da vitória cada um por si.
Costinha. Um Paços de Ferreira que nos últimos anos fez da humildade, entrega, realismo a vários níveis e muito coletivo as suas principais referências. Sem grandes momentos de euforia, viu-se – com muito mérito, é certo – numa posição para a qual não estava preparada. Costinha (e a estrutura?) tentou incutir uma forma de estar mais alinhada com uma equipa personalizada pelo domínio de jogo, pela capacidade de algumas individualidades poderem resolver jogos, maior distância entre os jogadores. Apesar das várias derrotas, mesmo existindo a atenuante de ter jogador duas vezes com o Zenit, contra FC Porto, Sp. Braga e Benfica, a sugestão é: se equilibrar com os princípios de jogo que sempre fizeram a identidade do Paços, rapidamente atingirá as vitórias. Porque há ali qualidade.
Jorge Jesus como um intermédio. Nos quatro anos na Luz viu-se várias vezes entre o estrelato e a desgraça. Este ano, percebeu-se que tentou incutir uma nova forma de estar fruto do ‘pseudocastigo’ a Cardozo. Como tudo correu mal. Bastou voltar ao sistema antigo, mesmo não existindo o melhor estado de alguns jogadores, os resultados apareceram. Sorte? Não! As dinâmicas demoram muito a construir e podem ser destruídas no instante. Há que perceber que a mudança para outra dinâmica implica muita rotina e compreensão.
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