O Real Madrid de Carlo Ancelotti é o campeão de inverno da La Liga em igualdade pontual com a grande surpresa do campeonato Girona, comandada por Michel. No entanto, esta equipa de Madrid está longe de estar no seu melhor nível apesar da classificação distorcer isso mesmo. Vamos por partes.

Primeiramente é importante percebermos que os galáticos perderam um jogador que foi extremamente importante na última década: Karim Benzema. Joselu foi o avançado contratado, mas não consegue ser peça preponderante desta equipa, não conseguindo ganhar assumidamente a titularidade.

Isto faz com que muitas vezes a equipa de Ancelotti jogue sem uma referência no ataque, optando por jogar com 4 médios, sendo que Vinícius e Rodrigo são os homens mais adiantados no terreno de jogo.

Benzema
Benzema Benzema festeja golo pelo Real Madrid créditos: AFP

Esta falta de referência faz com que exista muito mais mobilidade e troca de posições, todavia ainda é cedo para perceber se este último dado é vantajoso ou não. Bellingham está a fazer a época da sua vida, porém o Real Madrid parece ganhar mais vezes em sufoco do que em conforto.

Frente ao Mallorca, observamos por vezes Modric e Bellingham a fixar os defesas centrais numa fase de construção, com Vinícius e Rodrigo a oferecer largura, como também observamos Rodrigo mais por dentro enquanto que Modric ocupava zonas mais laterais, procurando com regularidade cruzamentos para dentro da grande área - algo não muito comum até à presente temporada.

Para além desta ausência, o Real Madrid está a sofrer um número elevadíssimo de lesões que já lhes tiraram da equação Courtois durante praticamente toda a época. Ainda existe indefinição sobre a titularidade da posição de guarda-redes já que Ancelotti vai alternando muitas vezes entre Lunin e Kepa - ambos com momentâneos problemas que fazem perder a segurança defensiva.

A juntar a esta peça essencial, somam-se as inúmeras lesões nos defesas centrais. Militão e Alaba estão de fora por algum tempo, bem como Nacho que também poderia fazer a posição. Sobram Rudiger e Tchouameni - o francês vem sendo adaptado à central em consequência da ausência de jogadores que possam fazer a posição.

No entanto, Tchouameni está longe de ser um defesa central com rotinas. Irá acrescentar em fase de construção, porém apresenta dificuldades nos posicionamentos defensivos, principalmente sobre o timing de pressão ao jogador que recebe a bola de costas entre linhas, deixando o adversário rodar com facilidade e virar-se de frente para o jogo. Ao que tudo indica, o Real Madrid não irá contratar outro defesa central...

Tchouameni
Tchouameni Tchouameni

Além disso, Camavinga e Mendy - os dois jogadores que poderiam fazer a posição de lateral esquerdo - estão também lesionados. Fran García vai fazendo a posição com sucesso, porém com rendimento abaixo dos seus colegas de posição.

A falta de um avançado de referência e uma onda de lesões em jogadores cruciais parece estar a causar enormes problemas à equipa de Carlo Ancelotti. Diria que o seu trabalho tem sido de excelência face às dificuldades (lembrar que Vinícius esteve fora por lesão durante 50 dias), porém ainda longe daquilo que esperamos de uma das melhores equipas do mundo.

O futebol tem sido "suficiente" para a La Liga, mas conseguirá o Real Madrid estar ao seu melhor nível nestas próximas eliminatórias da Ligas dos Campeões, por exemplo?

PS: Rafael Pacheco, treinador e analista de futebol, tem nas bancas o livro 'Rogerball - O Benfica de Schmidt', onde analisa a época do Benfica em 2022/23, que levou os encarnados ao título de campeão nacional e aos quartos de final da Liga dos Campeões.

Rogerball - O Benfica de Schmidt
Rogerball - O Benfica de Schmidt