Agora que os três grandes voltaram a ser treinados por profissionais portugueses, é uma boa altura para retomar a questão do ‘porquê’ do potencial e das competências que um treinador português possui. Se são ou não semelhantes às dos outros países e por que razão são tão apetecidos para quase todos os mercados existentes no mundo, se excetuarmos a América do Sul.

Não existem estudos científicos sobre dois ou três pontos que são importantes na discussão do potencial do treinador português:

- no estrangeiro, qual a percentagem da nacionalidade mais vencedora se contarmos com os treinadores a treinarem fora do seu País, ou seja, quantos treinadores vencem em ligas que não as dos seus países;

- qual essa percentagem considerada com a quantidade existente a treinar fora do seu país;

- uma tentativa de relação entre o país de cada treinador e as competências especialmente comportamentais que cada país ou conteúdo cultural aporta a esses treinadores.

Posto isto, e se pensarmos na quantidade de treinadores portugueses vencedores na época desportiva passada fora de Portugal desde de Inglaterra até à Rússia, ou passando por Turquia ou Grécia. Desde do início do milénio (14 épocas desportivas, de 2001/02 a 2014/15), os treinadores portugueses venceram uma das duas provas (Liga dos Campeões e Liga Europa) 4 vezes e foram finalistas vencidos 3 vezes. Em 28 finais possíveis os treinadores portugueses estiveram presentes 7 vezes (25 %). Outra situação que suporta a pertinência do treinador português é o facto de na presente desportiva 2014/15, os treinadores portugueses terem vencido 5 das 13 ligas mais competitivas da Europa (http:// pt.uefa.com).

O que é referido pelos dirigentes nacionais e internacionais é que o treinador português está bastante apetrechado na vertente técnica e tática do jogo e domina as competências comportamentais e da liderança como a flexibilidade cultural, a empatia, a adaptabilidade como poucos. Compreende rapidamente que o caminho é retirar o melhor de todos, independentemente dos recursos serem bons ou não tão bons. E que a sua preocupação com o outro lhe favorece no momento de conquistar o atleta a estar dentro do barco e não como se tratassem de duas peças não interligadas na busca de um objetivo.

Não só por uma questão de contexto e capacidade de adaptabilidade ao seu País e ao que se joga cá dentro, mas os três ou os quatro clubes que têm dominado nos últimos anos a Liga Portuguesa, assumiram que o treinador português é aquele que maior partido retira dos atletas e do conhecimento que é necessário para singrar em Portugal. Não duvidarei que na próxima época mais alguns treinadores portugueses saltarão de Portugal para a Europa. Está na altura de se conseguir diferir o treinador português quase como um produto ‘made in Portugal’ de modo a enaltecer o que é nosso!