Que um treinador é sujeito a decisões a cada minuto que exerce a sua profissão não é novidade para ninguém, seja na planificação da temporada, dos ciclos de treinos, das unidades de treino, dos jogos, das jogadas, dos momentos de jogo, etc, um treinador vive em permanente decisão, decisões únicas, que se cruzam entre si, que provocam outras decisões (da equipa ou do adversário), umas mais impulsivas e de instante, outras pensadas e repensadas, a vida difícil de um treinador é sobreviver às questões e respostas que surgem de todos os lados, de todas as formas.
Competições nacionais vs competições internacionais
Discute-se no dia de hoje a opção de um treinador de relegar uma competição europeia para segundo plano face à principal competição interna nacional, utilizando frequentemente uma equipa totalmente diferente dependendo da competição. Mais do que uma decisão, está é uma constatação por parte do treinador e uma clara mensagem que este quer passar aos agentes do seu próprio clube acerca da capacidade do seu plantel. Não dá para tudo!
O dilema do treinador está entre tentar jogar para tudo e nada ganhar, ou focar no essencial deixando o acessório para outros objetivos como dar ritmo a jogadores pouco utilizados correndo dessa forma o risco de expor a sua equipa a uma eliminação precoce na competição que para si, tem menos importância.
O dilema pelo que é observado foi resolvido pelo treinador, mas sujeitou a equipa a um abalo que será difícil superar e cujas repercussões numa altura fundamental da época desportiva são incalculáveis, correndo o risco de desmotivar quem joga a competição menor pois a resposta não foi positiva, e acomodar ainda mais aqueles que já são parte do “seu onze de gala”.
A gestão física dos jogadores
Outro dilema prende-se com a utilização de jogadores que treinam condicionados, ou que estão em recuperação por parte do corpo clínico. A integração ainda que coordenada entre as equipas técnicas e médicas é um processo mais ou menos moroso e que pode ter também ele repercussões únicas na forma do jogador e da equipa não só em termos de resultados mas de perceção por parte dos grupos de trabalho.
Se por um lado o treinador quer ter os jogadores o mais depressa possível disponíveis para utilização em campo, por outro os departamentos clínicos tendem a ser mais conservadores de forma a protegerem-se de eventuais recidivas. E há ainda o impacto que uma utilização precoce pode ter no seio do plantel face ao pouco treino integrado do atleta em causa.
Ao treinador caberá sempre a palavra final. Utilizar e arriscar nova lesão ou abalar o restante plantel? Não utilizar e esperar pela autorização final do Departamento Clínico/Fisiologistas de forma conservadora integrar o jogador sem riscos? Ou dar essa palavra ao jogador que no final do dia é quem deve em consciência relatar como se sente, do que se ressente e quando o deve fazer? Quando olhamos de fora a resposta parece bem mais simples do que as consequências de mais este dilema que o treinador está exposto diariamente e cujas decisões mexem com os jogadores, com os grupos e definitivamente com os resultados!
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