Com o Sporting CP praticamente com o título no bolso, SL Benfica e FC Porto encontram-se para um duelo sempre jogado nos limites, mas algo descaracterizado pela falta do título em disputa. Sobram, assim, os muitos milhões que estão reservados para quem terminar a Liga NOS em 2.º lugar, ao invés de quem acaba no último lugar do pódio, que terá pela frente algumas etapas para chegar (ou não) à fase de grupos da Liga dos Campeões de 2021/2022.

Existindo inquestionavelmente menos pressão sobre ambos os conjuntos, sobram as dúvidas sobre o que isso significará: uma atitude menos pragmática, mais ofensiva e que poderá gerar um maior espetáculo? Ou não será a ausência da discussão do título elemento suficiente para Jorge Jesus e Sérgio Conceição enveredarem por estratégias mais ambiciosas do ponto de vista ofensivo?

Certo é que as duas equipas têm a responsabilidade de procurar a vitória, e por aí é justo imaginar um jogo mais ofensivo do que é costume nos clássicos nacionais. O SL Benfica só ganhando pode ainda sonhar com o apuramento direto para a Champions League; o FC Porto precisa da vitória para pelo menos retardar ao máximo o título dos leões e, quiçá, esperar por um tropeção do Sporting CP antes da sua ida à Luz… para aí torcer pelo rival encarnado.

Desta forma, e se com bola não arrisco adiantar que as equipas se irão expor muito, diria que é provável que tenhamos duas equipas com blocos muito pressionantes, provavelmente logo em zonas altas para tentar condicionar o adversário o mais próximo possível da sua própria baliza.

Do lado do SL Benfica, reside a questão: irá Jorge Jesus optar pelo 4-4-2 que foi opção no triunfo frente ao Tondela na última jornada ou voltará a escolher o 3-4-3 que vinha sendo usado, conferindo uma teórica maior segurança defensiva com o trio de centrais? Acredito que será esta última a opção do experiente treinador encarnado, libertando os dois laterais, com destaque para Grimaldo pela esquerda.

Já do lado dos azuis e brancos, o FC Porto estará privado de Corona, que não viajou para Lisboa, e essa será uma baixa de peso, até pela flexibilidade tática que oferece ao seu técnico, podendo adotar papéis diferentes com e sem bola, nomeadamente na composição de uma hipotética linha defensiva de 5. Assim, parece mais improvável ver Sérgio Conceição a mudar a sua estrutura habitual em 4-4-2. Individualmente, Luis Diaz deverá ocupar a vaga do mexicano e constituir um dos maiores perigos para as águias.

De uma forma ou de outra, e mesmo com o título a não ser no momento mais do que uma miragem para o FC Porto (e já nem isso para o SL Benfica), as duas equipas não baixarão garantidamente os índices de agressividade, concentração e paixão neste Clássico. A dúvida é, por outro lado, se estarão dispostas a aumentar o risco das suas abordagens e, por consequência, a espetacularidade que tem ficado aquém na larga maioria dos últimos jogos entre estas duas formações.