Formado na Academia do Sporting CP, mas destaque na equipa B do FC Porto, Francisco Conceição apareceu muito cedo no futebol nacional. Se não fosse pelas mãos do seu pai, seria inevitavelmente pela mão de um outro treinador, sobrando dúvidas do porquê de não ter vingado ao serviço do Ajax.
"Ele muda o jogo". Deve ser a frase mais recorrente que ouço quando abordam a qualidade de Francisco Conceição. E atenção porque esta é uma qualidade que está inerente a poucos. O seu lugar é na linha direita e é a partir daqui que começa o seu caos. E digo que é "seu caos" porque é ele que o cria. Sobredotado de uma qualidade técnica como poucos, destaca-se no drible, no 1vs1 (imprevisibilidade de ações tremenda) e, por vezes, não é peça essencial por se agarrar tanto à bola. Porém, é quando se agarra a ela que se destaca.
A tomada de decisão é algo ainda a afinar, porém a mesma só irá melhorar com o jogo. Com a lesão de Galeno, existe uma nova vaga para preencher e ela parece ser mesmo do internacional sub-21.
Está numa fase em que evolui de jogo para jogo e está finalmente a assumir todo o seu potencial. A regularidade no 11 irá dar-lhe-á regularidade exibicional. A expectativa é que deixe de ser um jogador para entrar e mudar o jogo, mas sim para jogar e poder mudar o jogo a qualquer momento. Será um jogador de prevenção e não de reação.
Esta sexta-feira, frente ao Estoril de Vasco Seabra, Francisco Conceição conseguiu ser o melhor dos dragões em campo e chega a ser esgotante vê-lo jogar devido a velocidade que consegue colocar em cada ação com bola.
É um predestinado, mas já caíram e continuarão a cair predestinados. Falta saber se conseguirá ter a regularidade, se tem a componente psicológica necessária para o mais alto nível e se deixará algumas quedas de lado para ficar ainda mais vezes com a bola.
O "Messi do Olival" tem no seu pé esquerdo a capacidade para se distinguir não só no futebol nacional mas também no internacional. Já o disse e repito: a seguir a João Félix, é o melhor jovem talento a aparecer em Portugal nos últimos anos. Falta saber se cumpre com o potencial.
Há aspetos a melhorar, nomeadamente o seu jogo de pé direito e a tomada de decisão (como já aqui foi falado), todavia, fico com muita pena se não vir Francisco Conceição a jogar no mais alto nível de forma regular nos próximos anos. Se pudesse apostar em alguém, seria em Francisco.
PS: Rafael Pacheco, treinador e analista de futebol, tem nas bancas o livro 'Rogerball - O Benfica de Schmidt', onde analisa a época do Benfica em 2022/23, que levou os encarnados ao título de campeão nacional e aos quartos de final da Liga dos Campeões.
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