No regresso de Jesus à Luz existem alguns pontos prévios que convém descrever antes de qualquer juízo de valor. Não acredito que seja indiferente para o treinador português o regresso a um estádio que foi ‘seu’ durante seis anos. Não sabemos ao certo o impacto que terá no treinador sportinguista, mas é certo que trará emoções e sensações diferentes das habituais e a particularidade do momento está em perceber como irá Jorge Jesus conviver com tudo isto.
Durante os últimos anos o treinador Jorge Jesus demonstrou ser um treinador que deixou quase sempre que o exterior condicionasse as suas decisões em jogos mais a doer. E é um dos poucos pecados que os adeptos benfiquistas podem acusar Jesus é do modo como contra equipas como o Porto ou na Europa alterava a identidade colectiva e a mentalidade em função de um calculismo que mais parecia receio.
Pense-se o que quiser, apesar dos excelentes resultados que foi alcançando, seria interessante perceber o que os jogadores pensariam das mudanças radicais por vezes que o treinador português fazia nas suas equipas nesses jogos. Voltando à Luz e a domingo, não me parece que Jesus vá fazer alguma alteração radical no onze ou no modo como a equipa vai entrar no derby de Lisboa. Derby é derby e os jogadores do Sporting sabem dessa competitividade e quererão deixar o clube da Luz a uma maior distância.
Do outro lado está um treinador e um conjunto de jogadores que foram, de algum modo, avaliados de modo bastante negativo antes e pós Supertaça de Portugal. É claro que os resultados em semana europeia têm algum impacto no modo como o Benfica e o Sporting chegam ao jogo de domingo, mas estou certo de duas coisas: Jesus apostou muito e bem no jogo da Supertaça como um jogo muito importante para que o seu Sporting começasse com toda a força; por outro lado, usou muito daquilo que é o seu manancial de jogos mentais e emocionais e por isso, estou expectante para ver como é que Rui Vitória e os jogadores do Benfica vão ‘responder’ a isso, sabendo, que a vitória permitiria aproximar ou até ultrapassar o Sporting estando ainda dependente do jogo na Madeira, ou no caso de derrota, ficar a muitos pontos já numa fase inicial da Liga.
Fruto daquilo que é o historial de ex-jogadores e ex-treinadores dos jogos da Liga dos últimos anos, e por muito que Jesus diga o contrário, será recebido com assobios e muitos apupos e resta saber como Jesus vai conseguir desta vez tentar que isso não mexa nas suas emoções e cognições.
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