A seleção portuguesa vinha de duas vitórias seguidas, defrontava uma seleção helvética que havia goleado uma semana atrás e as perspetivas eram excelentes. Eram não eram? Eram se não esbarrássemos nas fífias táticas do Engenheiro Fernando Santos e num guarda redes adversário que decidiu armar-se em Santo António e fazer a sua própria festa.
Fernando Santos lembra-me um tio meu, que tem um Mercedes mas que acha que se andar a mais de 50 quilómetros/hora vai estragar o carro. No caso de Fernando Santos, este acha que explorar todo o tremendo potencial da selecção nacional é estragar a emoção que o futebol dá. Que seria do nosso sistema nervoso se a seleção vencesse todos os jogos facilmente? Que seriam dos vendedores de calculadoras se a seleção nos facilitasse as contas? Já pensaram nas casas de apostas? O dinheiro que perderiam se Fernando Santos não criasse estes momentos de tensão, emoção e imprevisibilidade. No fundo, o que Fernando Santos faz é proteger a emoção do jogo, promover a economia e a aumentar a fé, já que para conseguirmos algo temos de rezar à Virgem Maria, aos pastorinhos e a qualquer Santo que goste de bola.
Quanto ao jogo, nem vou falar muito dele, entramos a perder com um golo do nosso velho conhecido Seferovic e o resto do jogo esteve à vista de todos. Foi sempre a correr atrás do prejuízo e a bater no guarda redes adversário que parecia ter um íman nas luvas ou um pacto com o Deus do Mijo tantas foram as vezes que a sorte (mijinha como dizemos no Norte) o protegeram.
O grande desafio de hoje é (se estiverem a cozinhar, a andar na rua ou conduzir, ou na Suíça não o façam, ok?) fecharem os olhos por cinco minutos, relaxarem e colocarem-se na pele dos nossos emigrantes na Suíça. Agora, confiante que fizeram o que vos pedi e que refletiram bem, imaginem o que é: Chegar ao trabalho e os nossos patrões olharem para nós com aquele ar de superioridade tipo os "Volturi" nos filmes do Crepúsculo (se não souberem quem são também não vos censuro, foi uma fase frágil da minha existência, todos temos direito a estes momentos). É que até naquele pequeno detalhe chamado futebol em que nos achamos superiores aos suíços, perdemos. Imaginamos a seleção adversária a correr nos Alpes, a treinar com bolas de queijo e as claques a cantar em tirolês. No fim, somos nós que levamos chocolate, e do bom.
Resta-nos a pequena vingança de os magoarmos onde lhes dói mais, na economia. Se começarem a perceber que sempre que ganham à equipa portuguesa de futebol no dia seguinte têm o dia menos produtivo do ano, se calhar na próxima pensam duas vezes antes de nos humilharem.
Gostamos de futebol, eles de economia, se isto não resultar pedimos ao António Costa e Silva para enviar o Fernando Medina para lá e depois quero ver como é que ficam de finanças. Será uma maravilha ver ciclovias pelos Alpes acima.
Quanto ao apuramento, como bons portugueses complicamos e, afinal de contas, a seleção nacional não faz assim tão bons resultados quando joga sem o Cristiano Ronaldo.
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