A sensivelmente um mês do arranque oficial da época portuguesa e já com vários clubes em andamento no que diz respeito aos trabalhos de pré-temporada, vamos começando a ter cada vez mais caras novas confirmadas nos 18 clubes que vão jogar a edição 2022/23 da I Liga.
Entre os habituais candidatos ao título, o Benfica tem sido o mais ativo no mercado e já oficializou jogadores de gabarito como Enzo Fernández (talento argentino que pode chegar apenas em janeiro), Alexander Bah, David Neres, Mihailo Ristic ou Petar Musa. Para os lados de Alvalade, St. Juste (ex-Mainz) e Morita (ex-Santa Clara) são reforços e no campeão FC Porto ainda não houve nenhuma cara nova confirmada no defeso.
E nos restantes 15 emblemas do campeonato? Que nomes novos temos? Quais os reforços mais atrativos para uma época que se prevê emocionante, competitiva e agitada? De seguida, vamos olhar para as novidades mais atrativas, de todos os nomes já anunciados de forma oficial.
Talento jovem e regressos que podem ser felizes no Minho
Os três outros representantes do futebol português nas competições europeias estão todos no Minho. O primeiro a entrar em ação, o Vitória SC (defronta a 21 e 28 de julho os húngaros do Puskás Akademia, na 2ª pré-eliminatória da Conference League) já apresentou alguns reforços e além da aposta em mercados mais alternativos – contratou Woledzi ao Nordsjaelland e Ogawa ao FC Tokyo – reforçou-se bem no mercado interno. Mikel Villanueva chegou do Santa Clara, Matheus Índio do Trofense e Jota Silva, uma das coqueluches da subida do Casa Pia ao escalão principal, assinou pelos vimaranenses. Este é o nome que entusiasma mais, pela forma como arranca com a bola desde o flanco, para combinar com os colegas ou arriscar no remate à baliza. Marcou um total de 14 golos em 2021/22 e promete fazer a diferença na Cidade Berço.
Já a Braga chegaram dois jogadores jovens por empréstimo, provenientes de França e Espanha. Sikou Niakaté não teve muito tempo de jogo em Metz, mas chegou a ser visto como um dos centrais mais promissores do futebol gaulês. É forte por alto e sente-se confortável na defesa da área. Para a lateral direita, entrou Victor Gómez, internacional sub-21 espanhol, cedido pelo Espanyol. Aos 22 anos, vem de uma boa temporada no Málaga (emprestado) e mostra características interessantes para um lateral moderno: projeta-se bem no flanco, acrescentando largura, profundidade e capacidade de cruzamento.
Quanto ao Gil Vicente, outra equipa que vai estar presente nas provas da UEFA, fez regressar um ex-jogador (Kritciuk) e um médio de muito bom nível (Pedro Tiba) ao futebol português. Ambos com experiência nas competições europeias e também na I Liga, são nomes fortes para uma temporada de transição, também no banco (Ricardo Soares deu lugar a Ivo Vieira).
Aproveitar o bom nível dos escalões secundários
Outra nota deste mercado, até ver, passa pela forma como os clubes da I Liga cada vez mais olham para as divisões secundárias do futebol nacional e os últimos tempos têm trazido apostas muito bem perfiladas, comsequência do reforço da estrutura de scouting e de uma maior confiança nos jogadores da 2ª Liga e da Liga 3, que é também fruto do crescimento competitivo destas duas provas.
Do surpreendente Mafra (semifinalista da última edição da Taça de Portugal), saltaram dois nomes para o escalão principal: Tomás Domingos, lateral-direito que conjuga agressividade no momento defensivo a ruturas diferenciais em zona ofensiva, foi recrutado pelo Santa Clara e Rodrigo Martins, extremo que flete bem de fora para dentro, conduz com critério e alterna entre serviços aos colegas e remates perigosos, vai jogar pelo Estoril-Praia.
De facto, a segunda divisão profissional do futebol português continua a ser um mercado preferencial de aposta por parte de vários emblemas e outras figuras da época passada deram o salto. O criterioso médio Rafael Brito vai jogar no Marítimo, cedido pelo Benfica, depois de boas prestações pela equipa B dos encarnados. Já o melhor marcador da última edição da 2ª Liga, João Carlos, voltou ao Estoril para poder ter uma oportunidade (embora se fale do interesse de emblemas estrangeiros). O campeão do segundo escalão Casa Pia também apostou em reforços do escalão em que fez furor na temporada passada, contratando o central goleador Léo Bolgado (Leixões) e anunciando o médio atacante Diogo Pinto (Estrela da Amadora), uma das referências de golos da última temporada (marcou 14, em todas as competições). De Matosinhos para Portimão, saiu o lateral Pastor e o extremo Rui Gomes assinou também pelo emblema algarvio, depois de uma época conseguida no Sporting da Covilhã.
A viagem da Liga 3 para a divisão maior pode parecer menos provável em teoria, mas o elevado nível competitivo do terceiro escalão faz com que este seja um campo de recrutamento muito produtivo para os clubes profissionais. Martim Maia foi uma das referências do Amora em 2021/22 e o salto era inevitável. É um médio com boa visão de jogo, critério no passe, capacidade para bater bolas paradas e surgir na carreira de tiro. O Santa Clara parece o clube ideal para se poder destacar. Também de chegada à 1ª Liga estão Habib Sylla – lateral corpulento e com capacidade de apoiar o ataque, que troca Leiria por Chaves – e figuras goleadoras do terceiro escalão como João Magno (vai do Canelas para o Paços de Ferreira), Iago Cariello (salta do U. Santarém para o Portimonense) e Théo Fonseca (deixa o Felgueiras para reforçar o Famalicão).
As novidades que chegam lá de fora
Também de outros campeonatos chegam jogadores que prometem entusiasmar no futebol nacional. O Paços de Ferreira reforçou-se com Jordan Holsgrove, médio que não se conseguiu impor na equipa principal do Celta de Vigo mas que mostrou coisas interessantes na equipa B (perfil criativo e com bom toque de bola). O Arouca foi, até ver, a equipa com uma abordagem mais «exótica» ao mercado: contratou um guarda-redes titular no futebol uruguaio (Ignacio de Arruabarrena, ex-Montevideo Wanderers), um central que terminou contrato com o Fulham e se destaca pelo físico imponente (Jerome Opoku, que esteve no Velje da Dinamarca na última temporada) e um médio guineense que já tinha passado no clube nas camadas jovens (Morlaye Sylla). De regresso a Portugal, está também um dos centrais estrangeiros mais interessantes que por cá passaram, Vincent Sasso. Depois de três épocas no Servette da Suíça, chega ao Boavista para se impor como titular. Entre jovens e jogadores mais experientes, o mercado português mostra versatilidade e olho para as oportunidades. Até ao final de agosto, teremos certamente ainda mais novidades.
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