Oito equipas iniciam a participação no Campeonato da Europa de sub-19 com a ambição de poderem concretizar um apuramento para as meias-finais da competição. Pode parecer estranho este ponto de partida, sabendo que a final é o desejo maior de qualquer seleção que entre em ação numa competição tão diminuta no número de participantes. A questão é que os quatro semifinalistas da edição da prova, que este ano se disputa na Eslováquia, terão acesso direto ao Campeonato do Mundo de sub-20 do próximo ano, na Indonésia. Além disso, existirá espaço para um «play-off» entre os dois terceiros classificados de cada grupo, para aferir o quinto e último representante europeu no Mundial.

Depois do cancelamento das duas últimas edições do torneio, à conta da pandemia, a expectativa é muita para ver em ação vários jovens craques, alguns deles já com experiência de assinalar na primeira equipa dos respetivos clubes. O grupo A incorpora a anfitriã Eslováquia, a Roménia e duas das teóricas favoritas à conquista do título, a França e a Itália. Já no grupo B, a Inglaterra parte com o favoritismo, defrontando na primeira fase do torneio três
equipas com muitos pontos de interesse: Sérvia, Áustria e Israel. Os jogos serão disputados em cinco estádios (Trnava, Dunajská Streda, Žiar nad Hronom, Banská Bystrica e Senec).

O que mais nos cativa neste tipo de provas é evidentemente a possibilidade de ficar a conhecer nomes entusiasmantes para o futuro, também a pensar nos grandes palcos. Sendo assim, damos a conhecer dez jogadores para acompanhar durante os próximos dias no torneio eslovaco, com a certeza que outros elementos se vão destacar nesta autêntica montra de talento do futebol jovem na Europa.

Souleymane Isaak Touré (França/Le Havre): Vem de uma temporada na qual realizou 17 partidas na Ligue 2, num clube que é conhecido por dar oportunidades a jovens jogadores (por lá despontaram, entre outros, Paul Pogba, Riyad Mahrez ou Dimitri Payet). Touré destaca-se desde logo pelos 2,04 m de altura. Desengane-se quem pensa que é um jogador que só se faz valer do físico: tem uma boa leitura de jogo a nível defensivo, sentido posicional e desarma com elegância. No jogo aéreo, é naturalmente muito forte e revela também atributos interessantes com bola, podendo arrancar em condução quando recupera ou lançando aberturas longas na lateral. Tem evoluído no passe e é já cobiçado seriamente por grandes clubes europeus (fala-se numa proposta do Eintracht Frankfurt e já foi também associado a AC Milan, Real Madrid ou Marselha).

Adis Jasic (Áustria/Wolfsberger): Ao serviço da seleção sub-19, atua mais posicionado como médio-centro e utiliza até o número 10 na camisola. Já no clube, pelo qual fez 24 partidas oficiais durante a época (3 golos e 3 assistências), aparece habitualmente posicionado como lateral-direito, emprestando energia, dinâmica e movimentos constantes de apoio ao ataque. Jasic mostra qualidade a jogar com os dois pés (embora sendo preferencialmente destro) e oferece soluções à equipa tanto em zonas interiores como mais aberto junto à linha lateral.

Mostra também eficácia nas ações defensivas e costuma ser importante no desarme. Um multifunções com potencial para chegar a um campeonato top-5. Rareș Ilie (Roménia/Rapid Bucareste): Mais um talento desconcertante a despontar nos relvados da Roménia, resta saber se vai cumprir com o que promete de momento ou se, como
tantos outros, acaba por não explodir na elite pela irregularidade no rendimento. Para já, a impressão deixada no futebol profissional tem sido ótima: parte muitas vezes da esquerda para potenciar o credenciado pé direito, quer seja no passe, cruzamento ou remate. Aparece com frequência na carreira de tiro, tem boa receção de bola, mostra técnica interessante no um para um e consegue «eliminar» adversários no drible. Terminou a temporada em grande (no total, apontou seis golos e deu 10 assistências) e já se fala no interesse de alguns emblemas do futebol italiano (para onde saíram recentemente virtuosos romenos como Dennis Man ou Valentin Mihăilă).

Carney Chukwuemeka (Inglaterra/Aston Villa): Já somou mais de uma dezena de participações na Premier League e até teve a oportunidade de ser titular num dos campeonatos mais exigentes do futebol mundial. No período classificatório para este Europeu, foi também o líder do meio-campo inglês e exibiu-se a alto nível no grupo decisivo, em que a Inglaterra ficou à frente de Portugal. Chukwuemeka é um médio pujante e com agilidade para sair da pressão contrária, mostrando uma condução de bola acima da média. Não lhe falta técnica para carregar a bola até às proximidades da área, para procurar a finta e arriscar no passe. Entra também em zonas de finalização e mostra apetência pelo remate. Tem potencial para ser um dos melhores médios do futebol europeu nos próximos anos. Cesare Casadei (Itália/Inter): É um médio goleador e com boa chegada a zonas de finalização.

Vem de uma temporada de muito bom nível no clube e foi uma das figuras da ronda de elite de apuramento para este Campeonato da Europa (em que a Itália ficou à frente de seleções ilustres como a Alemanha ou a Bélgica). Marcou dois golos precisamente nessa fase de apuramento e outros 16 pela formação «nerazzurra» (esteve em destaque na Youth League).

Tem uma ótima qualidade de passe, capacidade de ativar os colegas atacantes e velocidade para entrar nos espaços e fazer a diferença. Djordje Gordić (Sérvia/Mladost Lucani): Outro jogador com andamento profissional (fez 26 partidas no principal campeonato da Sérvia, nas quais apontou 4 golos). Comparado na Sérvia a Sergej Milinković-Savić (também pela dimensão física), é um médio-ofensivo que pode cair nas faixas, que consegue conquistar duelos e entra com precisão na área para rematar. É veloz mas pode ainda melhorar no «timing» em que solta a bola sob pressão. Foi associado à Atalanta há uns meses e estará na lista de vários «scouts» para este torneio.

Dor Turgeman (Israel/Beitar Tel Aviv): Jogou na segunda divisão israelita esta temporada, por empréstimo do gigante Maccabi Tel Aviv. Nas duas fases de qualificação, fez três golos e acabou por ser um elemento fulcral para o acesso à fase final do Europeu. Ponta de lança de raiz, tem tendência a cair na direita (ficou à vista no bis apontado frente aos sub-19 da Turquia, por exemplo), mas pode desmarcar-se por toda a frente ofensiva. Tem remate fácil, boa técnica na receção de bola e potência física. O Club Brugge já terá feito uma proposta por ele na sequência das boas exibições no apuramento para esta competição, mas segundo se diz terá sido recusada pelo Maccabi.

Yusuf Demir (Áustria/Rapid Viena): A experiência no Barça não correu assim tão bem, mas Demir não deixa de ser um talento de apenas 18 anos, com a hipótese de chegar a voos bem altos. Os catalães decidiram não ficar com o extremo de origem turca, regressou à capital austríaca para fechar a época e com uma utilização intermitente (houve ligeiro problema físico pelo meio). Ainda assim, a técnica inebriante a pegar na bola com a canhota a partir da direita, a encarar no um para um e a driblar adversários, além da busca pela baliza contrária, fazem dele um ativo valioso para o futuro. Precisa apenas de se tornar mais regular no rendimento e mais resistente no plano físico. Ronnie Edwards (Inglaterra/Peterborough): Vem de uma temporada em que jogou 38 partidas  oficiais por um clube do Championship (que ainda assim desceu de divisão). Foi jogando como central numa linha de 3 ou 4 defesas e habitualmente com um rendimento sólido. Fez também quatro partidas completas em seis possíveis no apuramento para este Campeonato da Europa e conseguiu integrar-se devidamente num plantel com vários representantes dos principais clubes do futebol inglês. Mostrou ter sentido posicional, boa leitura do jogo, qualidade na saída de bola e capacidade para efetuar interceções e desarmes. Ainda foi mostrando algumas dificuldades para ganhar duelos a alguns dos poderosos atacantes do segundo escalão do futebol inglês, talvez por não ser um central demasiado alto (1,80m). Merece a aposta a titular neste Euro sub-19 e pode sair valorizado, quem sabe a pensar num salto próximo para um clube da Premier League.

Oscar Gloch (Israel/Maccabi Tel Aviv): Foi a sensação da parte final da temporada na liga israelita, tendo apontado três golos em oito partidas no «play-off» de campeonato que acabou por consagrar o rival Maccabi Haifa. Estreou-se também recentemente pela seleção sub-21 e na qualificação para este Euro sub-19 foi dos melhores jogadores da equipa de Ofir Haim. Gloch é um médio de características ofensivas, que exerce bem a função de «terceiro homem», com boa leitura de espaços (com e sem bola) e técnica para elaborar um jogo mais combinativo. Tem uma notável visão de jogo, que utiliza para executar passes precisos e revela também argumentos no remate (com os dois pés). Para seguir bem atentamente nos próximos dias!

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