Pode dizer-se que o Benfica dominou a Académica durante todo o jogo. Que foi a única equipa que procurou ganhar o encontro. Que criou mais oportunidades. Mas o que se espera de um candidato ao título? Que no seu estádio seja dominado por uma equipa secundária? Que não procure vencer? Que não construa ocasiões para marcar? Haja paciência para ouvir estas óbvias banalidades.
O que se deve questionar são os porquês da menor exibição dos encarnados! Já ouvimos que a Académica esteve muito bem organizada. É legítimo que os estudantes desejassem conquistar um ponto na Luz. O que para eles seria muito bom. Para tal abdicaram do ataque e fecharam-se numa apertada área de trezentos metros quadrados.
Como se sabe não é proibido defender. No confronto desta dicotomia defesa-ataque pode alegar-se que a Académica defendeu com as armas que tinha. Mas, por outro lado, ter-se-á de constatar que o Benfica, apesar de ter uma vasta e variada panóplia de jogaores, raramente encontrou soluções ou mecanismos atacantes para desestruturar a “Briosa”.
Jesus apresenta uma estratégia para cada jogo. Já elogiámos várias vezes os planos específicos que ele elabora em função dos adversários. Contudo, ontem o esquema não funcionou. As oportunidades flagrantes foram escassas: uma de Lima, outra de Ola John, e a mais evidente foi de Melgarejo. Claro, e o penálti.
Uma das causas deste jogo menos conseguido, foi o ritmo lento que o Benfica manteve durante quase todo o encontro. Perante equipas aferrolhadas, as movimentações teriam de ser mais céleres, para surpreender e ultrapassar a muralha. Isso não sucedeu e o futebol que usualmente surpreende, ontem foi demasiado previsível.
A amplitude também não resultou porque as ações de rutura pelos corredores raramente funcionaram, dos imensos cruzamentos poucos chegaram ao destino. Rodrigo, Lima e Salvio apresentaram um futebol incaracterístico e inabitual. Os arietes não atuam em função um do outro, nem apresentam jogadas sincronizadas.
Conforme o tempo ia passando, aumentava a ansiedade dentro e fora do campo. A clarividência ia escasseando e a equipa usou e abusou de jogo direto e de infrutíferos cruzamentos aéreos. Mas não estava lá Cardozo. Talvez nos últimos quinze minutos não fosse má ideia ter colocado Luisão como ponta de lança? Porque a esperança era que surgisse um golo de um centro, de um canto ou de um livre.
A prioridade para Jesus é o campeonato. Mas os jogos das outras provas têm de ser feitos. O Benfica praticamente vai realizar três jogos por semana. Jesus disse que em termos de recuperação vai gerir bem essa contínua trilogia semanal. É importante que o faça. Pois um dos motivos do suspense, e do nervosismo, que estiveram na origem da fraca exibição de ontem, foi o aparente cansaço acumulado na maioria dos jogadores.
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