Foi apenas há um mês que o mercado de transferências fechou – nesta época, por via do atraso das competições que se verificou, houve transferências até mais tarde – mas há já vários reforços que estão a conseguir contrariar a tão propalada fase de adaptação, que umas vezes é uma realidade, noutras é claramente exagerada.
Olhando somente às caras novas nos respetivos clubes – e não na liga, porque houve transferências internas interessantes – não é surpreendente que, para já, a maioria daqueles que se vão destacando atuem sobretudo nos grandes. Ora porque são os que têm mais meios para se reforçar e conseguem os melhores jogadores, ora porque também são aqueles que possuem maior mediatismo e atenção, é uma realidade incontornável.
Começando pelo Benfica, o clube que mais investiu no reforço do seu plantel, há três nomes que saltam à vista: Darwin Núñez, Waldschmidt e Everton. Todos jogadores de cariz ofensivo, mas também de perfis bem diferentes. O ponta-de-lança, que começou por se destacar sobretudo pelas assistências, tem confirmado o que se esperava. É um jogador muito forte do ponto de vista físico, imponente no ataque à profundidade (que Jesus havia pedido, inclusive em declarações públicas) e desempenha também um papel útil na fase da pressão, em que as águias se vão destacando. Dificilmente não será um dos melhores marcadores do campeonato.
Por outro lado, Waldschmidt é, com um ano de atraso, o verdadeiro substituto de João Félix. O jovem alemão possui a capacidade técnica, criatividade e velocidade de execução dos que se distinguem na posição 10 e alia a estas qualidades bastante golo, como se tem percebido. Sem ele o Benfica joga pior. Já Everton, por outro lado, tem mostrado rasgos daquilo que fez os encarnados avançarem para a sua contratação, mas ainda sem a regularidade que se espera.
Do outro lado da segunda circular, o para já líder da Liga NOS é talvez quem para já parece ter feito o melhor mercado. É que o Sporting, sem gastar o que o seu rival gastou, conseguiu subir bastante o nível individual do plantel de Rúben Amorim: na baliza ganhou segurança; na defesa saíram Acuña e Mathieu, mas mesmo assim o setor não perdeu qualidade (nas alas até ganhou); o meio-campo é incomparavelmente melhor; e o ataque também parece mais completo.
Contudo, individualmente falando, há um nome que não pode deixar de ser sublinhado: Pedro Gonçalves, que muitos afirmaram ter sido demasiado caro (6.5M por 50% do passe), tem sido o melhor jogador dos leões, aliando golos e capacidade de ligar o meio-campo ao ataque. Neste momento, o desafio é perceber como e por quanto poderá o Sporting adquirir o que falta do seu passe, dado o rendimento que o português tem apresentado e a sua margem de valorização. Além dele, também João Mário, que só recentemente entrou no 11, tem capacidade para dar outra dimensão ao futebol leonino. João Palhinha, de regresso, será outro grande upgrade.
Já no FC Porto a realidade é outra. Dadas as dificuldades financeiras que são públicas, os campeões nacionais tiveram de atacar o mercado com maior contenção, optando quase sempre por jogadores que atuavam nas chamadas equipas pequenas da Liga NOS e, talvez por isso ou por Sérgio Conceição ter confiança naqueles que garantiram o título na época transata, a entrada das caras novas tem sido feita com menor imediatismo. Zaidu é a exceção, até porque o titular (Alex Telles) saiu, mas ainda não é possível destacar nenhum dos reforços dos azuis e brancos.
Taremi tem potencial para ser alguém importante na equipa, mas Conceição tem optado mais vezes por jogar apenas com um homem na frente, e assim sendo Marega é a sua preferência, enquanto Felipe Anderson é alguém muito acima da média, mas terá de se ajustar ao futebol e às ideias da sua nova equipa.
Olhando aos restantes emblemas do Campeonato Nacional, há um nome que parece reunir consenso: Angel Gomes, menino de 20 anos emprestado pelo Lille ao Boavista, já leva quatro assistências e marcou nos dois últimos jogos. Tem qualidade técnica, visão de jogo e o atrevimento próprio dos grandes jogadores. Peca apenas por uma aparente propensão para os problemas físicos, que o levam a parar mais do que o desejado, e a não completar os 90 minutos de cada partida com regularidade.
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