No dia de ontem em Alvalade poderia ter sido novamente Halloween antecipado mas os miúdos já não estão para os sustos, preferem a doçura dos três pontos.

Curioso o fato do Casa Pia chegar a Alvalade à 10.ª jornada a olhar o Sporting de cima, lembra-me às vezes aqueles jantares de faculdade em que o amigo rico não sabia falar sobre nenhum assunto e uma pessoa pensava para si mesma: "Vês seu nabo, o dinheiro não compra tudo, não te compra inteligência por exemplo". Só que no final da noite, tal como o Sporting ficou com os três pontos, o rico ia embora de BMW dos papás e eu ia de autocarro.

Num jogo em que o Sporting até se mexeu bem no ataque, faltava a finalização. O Sporting desperdiça golos tal como a TAP desperdiça dinheiro público. Uma equipa que não marca está sempre mais perto de sofrer e foi o que aconteceu.

O Casa Pia já perto do intervalo aproveitando bem o espaço, até porque o metro quadrado está caro em Lisboa e afogou o ganso na baliza de Adan. Não sejam maldosos, o Casa Pia tem como símbolo um Ganso, só espero que nada tenha de relacionado com casas em Elvas e assim. Estava feito o 1-0 ou o 0-1 conforme a perspectiva já que jogava fora.

Bem, jogava fora mas parecia que estava em casa já que era a equipa do Sporting que era assobiada.

Isto de ir ver um clube para assobiar os nossos é um fenómeno bem português. 'Ora deixa cá ver, o meu primo Flávio tem vertigens, vou pendurá-lo pelas pernas naquele penhasco para ver o que acontece. Porra, vou preso, o meu primo Flávio teve um ataque cardíaco devido ao pânico que lhe causei e morreu'.

Será que os adeptos em Portugal ainda não perceberam que não é por assobiar a equipa que ela vai jogar melhor? O que estão a conseguir com isso é que eles percam ainda mais a sua já débil confiança.

O intervalo salvou o Sporting tal como o Gurosan salva um "bon vivant" depois de mais uma noite de "maus" caminhos. Rúben Amorim foi a pastilha efervescente dos seus jogadores e aposto que não lhes disse que se não ganhassem lá fora iriam levar no focinho.

Na segunda parte o Sporting descobriu os caminhos para a baliza e teve como sua bússola um herói improvável. Não, não foi o Esgaio, também não exageremos, foi o Paulinho. Paulinho no primeiro golo salta para a bola como o banco do FC Porto salta para o árbitro e relançou o jogo que viria a terminar com a vitória do Sporting ao Casa Pia.

O Paulinho é o José Sócrates do Sporting, odiado por muitos e respeitado por alguns.

Podemos dizer que o Casa Pia na primeira parte mas o Sporting ruge na segunda.

O leão, talvez inspirado pelos jovens em campo, acabou por apertar três vezes o pescoço ao ganso e vir-se para cima do Casa Pia… na classificação.