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Rui Lança debruça-se esta semana sobre as escolhas dos treinadores de seleções.
A ideia parece-me muito simples. As seleções que temos tido não são de Portugal. É do selecionador que a convoca. E não há mal nenhum nisso. Aliás, mal mal, parece-me ser apenas o fato de Paulo Bento não o afirmar de forma convincente e assertiva. Tenta ir pelo caminho que é a seleção de todos nós. Mas não pode ser, porque a ser a seleção de Portugal, seria uma votação e iriam uns por meritocracia e outros por clubismo.
Scolari fazia o mesmo. Bem ou mal fazia e quem estava por cima assinava em como concordava. Hoje é o mesmo. Com uma pequena diferença. Scolari admite. Ainda hoje admite aquando da convocatória para o Brasil. Paulo Bento (ainda) não.
A seleção é de Paulo Bento. Não há mal nenhum. Paulo Bento faz o que qualquer um faria se tivesse de escolher um grupo de jogadores que em tempo record tem de estar preparada coletivamente para a tarefa de vencer vários jogos e quase todos de elevada intensidade. Paulo Bento faz um cruzamento entre o talento para a tarefa e o alinhamento e identificação com as suas ideias. Mais de grupo do que as ideias de jogo.
É natural que alguns atletas sem serem os melhores em termos de talento para a tarefa estejam lá. E que alguns que perfilam ser melhores tecnicamente não tenham sido convocados. É de identificação que se fala. Identificação com as ideias de Paulo Bento. De jogo e de grupo. E quando afirmo de jogo, é de darem à equipa em termos emocionais e comportamentais aquilo que o treinador português elege como prioritários ou fundamentais.
Com os dias que faltam para o início do Campeonato do Mundo quais as prioridades para o treinador? Mesmo com mais tempo do que é usual quando tem de preparar os jogos de qualificação, Paulo Bento focar-se-á na recuperação física dos jogadores: uns porque chegam demasiado extenuados outros porque tiveram grande parte da época lesionados.
Terá de os alinhar nos objetivos da equipa e como irão trabalhar para o mesmo. O que caberá a cada um fazer e o que não quer que seja feito, mesmo que os jogadores considerem que deveria ser feito.
Deve conseguir motivá-los para algo depois de terem estado desde de julho de 2013 focados nos seus objetivos individuais e coletivos dos seus clubes. Que em tão pouco tempo e com poucos jogos sem grande margem para o erro, como devem reagir aos resultados menos positivos e adversidades.
Perante tudo isto há um caminho que Paulo Bento escolheu. Dentro daqueles que são os jogadores que Paulo Bento considera que se identificam com a sua cultura de trabalho e que ele transportou para a seleção nacional, escolheu os que reúnem os pilares técnicos, táticos, físicos e emocionais. Para completar o grupo acrescentou dois a três jogadores que ainda não o provaram nada, mas que ele julga que provarão e caminharão com ele durante os próximos – pelo menos – dois anos.
Esta é a seleção de Portugal e de Paulo Bento. Uma coisa é certa. É ele que andará lá a liderá-los. Para o bem e para o mal, é a ele que irão ser realizados inúmeros juízos de valor. Mas estamos longe de ser candidatos a algo de muito avançado na competição. E pelo menos a culpa não é dele.
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