Todos os ralis começam da mesma maneira. Começam por um dia a que chamam o dia das verificações administrativas e técnicas. É um dia deveras desinteressante mas não é possível prescindir dele. Em que é que consiste afinal e como se desenrola?
Por se tratar de um rali particularmente grande, este ano estão inscritas 162 equipas, a organização reserva um espaço onde possa caber toda a gente. Tal como o ano passado foi escolhido o estádio Allianz Riviera em Nice. Cada equipa é convocada a uma determinada hora para evitar uma grande concentração de pessoas. As nossas tiveram início às 15 horas e terminaram já bastante tarde. Deixamos o carro no estacionamento que nos é indicado e, de mochila às costas e capacete na mão, lá vamos nós diretas à receção para que haja prova de que chegámos a horas. Aí recebemos uma carta de controlo com a indicação dos vários stands por onde teremos de passar e, em cada um deles, recebemos um carimbo. Quando essa carta estiver repleta de carimbos...ótimo! Estamos despachadas. Mas até que esse momento chegue temos muito que penar.
O primeiro passo consiste em receber e vestir o colete para nunca mais o tirar. Ele funciona como elemento identificativo e as diferentes cores servem para distinguir as equipas dos restantes elementos: médico, organização, jornalista, mecânicos... Assim consegue perceber-se ao longe quem é quem. Embora ele possa mudar de cor de cheiro e de textura...há que mantê-lo como se de uma preciosidade se tratasse. E aí de quem se atreva a despi-lo nem que seja por um minuto apenas! Uma vez todas de uniforme assistimos a um primeiro briefing onde nos são dadas indicações sobre as verificações e sobre a viagem.
Posto isto iniciamos a ronda dos stands. As marcas patrocinadoras estão lá representadas e dão-nos presentes também em troca de um carimbo. Recebemos os bilhetes para o barco e passamos pelos médicos. Temos de apresentar o nosso atestado médico, a fotocópia do boletim de vacinas e um impresso declarando eventuais problemas de saúde. Temos de mostrar o nosso estojo de primeiros socorros que tem de ter rigorosamente tudo o que é aconselhado.
Recolhemos o Iritrak e o Unik dois aparelhos que servem para nos localizar e contar a nossa quilometragem com rigor e ouvimos um briefing específico sobre procedimentos de segurança. Recuperamos as rações de sobrevivência para todo o rali e é isso que nos vai servir de almoço em cada dia. Depois temos de apresentar o nosso capacete, os óculos para as tempestades de areia e um jerrican para dez litros de água. Apresentamos toda a documentação do veículo e temos de declarar todos os materiais eletrónicos que temos em nosso poder (telefones, Ipad, relógios, etc..). Esses serão entregues antes do prólogo e só lhes teremos acesso depois do rali terminar. Entretanto, telefonar para casa implica a utilização do telefone público do acampamento a dois euros o minuto.
Terminada esta fase estamos prontas. Pegamos no carro e damos início às verificações técnicas. Há uma infinidade de coisas que são vistas pelos mecânicos para garantir que estão em conformidade. Depois são observados os autocolantes obrigatórios para se ter a certeza de que foram postos no sítio certo. Entregamos a lista de peças que levamos connosco para o caso de uma eventual reparação. Toda esta burocracia dura mais de 3 horas e termina com uma foto de pose ao lado do carro. Nesse momento suspiramos de alívio e queremos sair dali o mais depressa possível.
Agora sim, é garantido que todas equipas cumprem os requisitos exigidos. O rali está pronto para partir para a estrada.
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