Foram muitos os recentes anos em que o clube da Catalunha contratava sem olhar a despesas. Coutinho e Dembélé são os nomes que melhor nos recordarmos devido a terem ultrapassado os 100 milhões de euros em cada uma das transferências e não terem um retorno desportivo equivalente à expectativa criada em seu torno.

Os últimos anos de Barcelona foram constantes erros de casting e o fim prolongado de uma geração que marcou o futebol para sempre: Puyol, Piqué, Valdés, Xavi, Iniesta, Busquets, Fábregas e Messi.

Messi, Iniesta, Fabregas, Puyol e Xavi
Messi, Iniesta, Fabregas, Puyol e Xavi Messi, Iniesta, Fabregas, Puyol e Xavi créditos: AFP ImageForum

Depois de todas estas saídas, a La Masia continuou e irá continuar a produzir jovens talentos com capacidade para praticar o futebol Barcelona porque são induzidos desde muito cedo a praticá-lo.

Com diferentes treinadores, os jovens começaram a ser lançados e ontem, frente ao Real Madrid, verificamos que 8 jogadores da sua formação foram utilizados - Iñaki Peña, Baldé, Cubarsí, Ronald Araújo, Marc Casadó, Gavi, Dani Olmo (formado em Barcelona mas só depois de muitos anos voltaria a casa) e Lamine Yamal como expoente máximo.

Jogadores formados na La Masia
Jogadores formados na La Masia Jogadores formados na La Masia créditos: FC Barcelona

Pedri não é formado em La Masia, mas o seu futebol é todo ele Barcelona. Casadó, Gavi e Pedri formam o trio do meio-campo mais Barcelona dos últimos anos. Mas o que é isto de meio-campo Barcelona? É o que já sabe o que fazer antes de ter a bola, que joga a poucos toques, que procura sempre um movimento para tabelar com o seu colega e que define e decide como outros médios geralmente não decidem.

Enquanto que o Real Madrid é reconhecido por comprar os melhores jogadores do mundo, o Barcelona procura fabricá-los desde muito cedo, com uma cultura muito vincada desde os primeiros toques na bola de uma criança. Houve Messi e agora existe Yamal.

É demasiado arriscado comparar, mas o estilo de jogo, a forma como dribla de forma curta, como finaliza e como decide fazem dele inevitavelmente um dos grandes candidatos à próxima Bola de Ouro, apesar de apenas ter 17 anos de idade. Poderemos discutir outros tantos nomes que foram endeusados e caíram. Quem não se lembra de Ansu Fati que depois de uma lesão nunca voltou a ser o mesmo? Infelizmente a linha que separa o sucesso do insucesso no futebol é muito fina.

Para além de todos estes, ainda há Fermín para o meio-campo que não jogou ontem, Marc Bernal (lesionado), Eric García (uma opção para a linha defensiva) e Hector Fort. Certamente que não haverá espaço para todos, mas não me recordo de existir tanta qualidade individual formada no mesmo clube.

Somente o Barcelona de Guardiola apresentou estas individualidades potenciadas por um coletivo como nunca vimos. Hansi Flick tem uma enorme responsabilidade nas mãos, o ADN Barcelona. Este futebol nunca desapareceu, apenas esteve adormecido. O alemão tem a responsabilidade de o acordar - como fez pela segunda vez frente ao Real Madrid esta temporada (4-0 e 5-2).

Barcelona celebra conquista da Supertaça de Espanha 2025
Barcelona celebra conquista da Supertaça de Espanha 2025 Barcelona celebra conquista da Supertaça de Espanha 2025 créditos: FC Barcelona

A melhor equipa do mundo dificilmente será apenas constituída por jogadores da sua formação, mas quando uma parte significativa o é, reúnem-se condições para fazer algo bonito no futebol. Se pudesse adivinhar, diria que o melhor Barcelona não aparecerá esta época - este é apenas um pequeno esboço daquilo que a equipa pode fazer.