O ano 2024 parte 1: O Treinador Português, o seu futebol e o impacto na Sociedade

No Brasil, Abel Ferreira é o Mestre, Jorge Jesus o Mister e o Artur Jorge chega e vence tudo. Na 2ª liga o Pepa, chega e vence. Podemos não ter jogadores de expressão no país do futebol, mas somos os treinadores para o orientar e fazer a diferença. Este é um fenómeno de destaque que merece reflexão, pela estrutura Social Desportiva Brasileira. Da nossa parte, é um pouco mais do mesmo. Somos treinadores com uma visão global do jogo que se estrutura e ganha corpo passo a passo de acordo com as dinâmicas interactivas entre todos os membros. Não conheço povo futebolístico com maior capacidade adaptativa que o nosso e isso reflete-se na forma de ver o fenómeno social que é o Jogo.

No médio oriente Jorge Jesus e Luis Castro tiveram uma luta intensa pela conquista do titulo, mas o Mister Jorge destacou-se de forma categórica. Continua a demonstrar o porquê de ser um dos melhores. A forma estruturada e fluída como as suas equipas jogam é marcante e decisiva no processo de envolvimento dos jogadores. Para mim, este é claramente o ponto fundamental de uma liderança social forte e orientadora. Posição Jogador - Envolvimento contextual - Equipa. O que me surpreende mais é a consistência na relação entre Jorge Jesus e os seus jogadores. Impressionante.

Em Portugal, um ex-treinador assume o papel de Presidente de um clube grande. Sempre me fez sentido que na liderança do futebol esteja quem ao meio pertence. Não é, naturalmente, uma questão de competência, mas uma questão de sensibilidade pelo menos assim se espera. Ou seja, o jogo tem uma expressão e dimensão que as pessoas sociedade lhe dão. A verdade é que, na nossa, o fenómeno está tão presente que a responsabilidade é enorme, a dimensão gigante e a expressão incrível. Veremos se o ex-treinador mantém as características de líder social e se mantêm fiel aos princípios.

Um treinador que iniciou a carreira sem a carteira e licença da classe mas com foco na formação científica, voltou a ser campeão aproveitando a instabilidade interna do FC Porto e da relação adeptos-treinador do SL Benfica. Venceu bem e com consistência.

Terminamos o ano civil com 4 treinadores na principal liga de futebol do mundo.

Chegou o momento de assumirmos com convicção; e que é comum nos treinadores italianos e espanhóis, que somos bons. Somos muito bons treinadores de futebol. Somos líderes integradores e adaptativos. E, tal como dizia o seguidor de Charles Darwin: "O que sobrevive é o que se adapta melhor às mudanças".